Estabilizado como a principal competição do esporte no país, o SuperSurf agora depende de um crescimento da própria modalidade para poder continuar avançando. Porém, a cobertura modesta da mídia, que ganharia um forte incentivo com o sucesso em grandes competições internacionais, esbarra em problemas políticos que limitam a atuação do evento como agente de desenvolvimento do surfe no Brasil. Desde o início de sua reformulação, o SuperSurf se notabilizou pela semelhança de regras com os circuitos da elite mundial (WQS e WCT). A idéia era preparar o jovem atleta para os principais torneios, que contam com especifidades como baterias individuais, que não permeiam as disputas juvenis e são grandes desafios na passagem à carreira profissional. Uma determinação da ASP South America, no entanto, impediu que o surfista do circuito mundial também participe do SuperSurf. Com isso, o trabalho do evento na preparação e no enriquecimento da modalidade no Brasil fica restrito aos atletas mais jovens, que ainda não podem disputar o WQS e o WCT. ?Eu acho que o SuperSurf já está fazendo o máximo que ele pode pelo surfe nacional. Ele está trabalhando com a base do profissional, mas não pode ir além disso por causa dessa regra ridícula, que não leva em conta o interesse dos atletas?, disse Evandro Abreu, gerente de produtos da Editora Abril e principal responsável pela organização da competição. A confusão ganha traços de disputa política com a informação de que a ASP já procurou o SuperSurf, antes da determinação, para transformá-lo em uma etapa do WCT, elite do circuito mundial. A idéia da entidade é aproveitar a quantidade de patrocinadores diferenciados da categoria brasileira, que foge à regra de investimentos apenas de empresas de surfwear, que está presente nas principais competições mundiais. ?Eles já me sondaram e optamos por não fazer a parceria. O momento não era interessante. Sou o maior campeonato regional do mundo, com a maior premiação. Aí eu viraria uma etapa três ou quatro estrelas. Então não era interessante?, disse Abreu. O resultado do embate é a estagnação do surfe nacional, que continua atado às promessas juvenis e não consegue traduzir o talento dos atletas em títulos de expressão, que aumentariam a divulgação do esporte no país. Mesmo assim, a organização do SuperSurf batalha por um espaço mais qualificado na mídia nacional. ?O que nós queremos é um maior entendimento da imprensa sobre o esporte. Tem muito pouca cobertura das disputas. Se você me perguntar, qual é o seu projeto para o SuperSurf eu te digo que é levar para a TV aberta?, revelou Abreu. Logo de cara, o executivo nega que esteja conversando com qualquer emissora, e diz que o passo inicial é uma negociação com a Sportv. Dono dos direitos de transmissão do evento há cinco anos, com exibição de todas as etapas ao vivo há dois, o braço esportivo de TV fechada da Globo teria preferência na hora de uma expansão, mas as tratativas ainda não começaram.
Crescimento ainda esbarra na política
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