Depois de respingar em diversas modalidades esportivas nos últimos meses, a crise global mudou o perfil da mais tradicional prova de rua do Brasil. Reconhecida como ponto de encontro de estrelas internacionais do atletismo, a São Silvestre terá sua 84ª edição esvaziada em função da alta do dólar e apostará em nomes como Frank Caldeira e Vanderlei Cordeiro de Lima para superar o mau momento. Os reflexos da instabilidade dos mercados financeiros se unem à ausência de cachê ? abolido desde 2001 ? para afugentar os estrangeiros, que ganham apenas passagem área e hospedagem para participarem do evento em São Paulo. Com premiação total de US$ 50 mil, a corrida que será disputada nesta quarta-feira não terá, por exemplo, o queniano Robert Cheruiyot, campeão do ano passado. Em 2007, o atleta amealhou US$ 13,5 mil com a conquista. Caso repetisse o feito neste ano, Cheruiyot embolsaria US$ 10,6 mil, queda de 21,5%. Os valores são inferiores ao de provas similares no exterior, como a World Best 10k, disputada em Porto Rico, que pagou US$ 20 mil aos seus vencedores em 2008, segundo informou o jornal ?Folha de S.Paulo? em sua edição do dia 19 de dezembro. Com esse valor, a corrida atraiu integrantes do pelotão de elite do atletismo mundial, como Paula Radcliffe, recordista da maratona, e Lornah Kiplagat, tricampeã do Mundial de Meia-Maratona. O processo de ?nacionalização? da prova também foi impulsionado pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), que convidou dois atletas de cada federação estadual para a corrida. Assim, todos os estados brasileiros estarão representados. Sem as atrações africanas, a São Silvestre de 2008 terá ainda, a convite da entidade, participantes oriundos da Colômbia, Paraguai, Equador e Venezuela. Nesta terça-feira, a ?Folha? também divulgou que a CBAt pretende limitar o número de representantes de fora do Brasil em todas as corridas de rua disputadas em território nacional a partir de 2009. A medida encontra respaldo na resolução normativa número 69, de 2006, do Conselho Nacional de Imigração, que baixou instruções para a concessão de autorização de trabalho a atletas estrangeiros que venham participar de certos eventos. Sendo assim, somente poderiam competir no Brasil atletas que recebessem uma carta-convite da organização da prova, chancelada pela federação de seu país. Desde o início da fase internacional da São Silvestre, em 1945, os estrangeiros ganharam 53 edições da corrida na categoria masculina. No feminino, as atletas de outros países faturaram a disputa em 28 ocasiões.
Crise “nacionaliza” São Silvestre-08
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