A geração de receitas no futebol brasileiro está atrelada ao desempenho do time dentro de campo. Essa relação ficou evidente no lançamento da Lista Casual Auditores de Clubes na última quinta-feira. O relatório apresenta números referentes aos balanços financeiros da temporada passada dos 21 clubes de maior arrecadação no futebol brasileiro. Não à toa a lista aponta que o São Paulo, campeão brasileiro, e o Internacional, vencedor da Copa Libertadores e do Mundial de Clubes, foram os clubes que tiveram as maiores receitas em 2006. Enquanto o primeiro faturou cerca de R$ 123 milhões, o segundo ganhou pouco mais de R$ 108 milhões. ?Os clubes dependem de o jogador fazer o gol para ser campeão e, com isso, aumentar suas receitas?, afirma Amir Somoggi, especialista em gestão e marketing de clubes da Casual Auditores Independentes, empresa de auditoria responsável pelo levantamento. A constatação também é feita por Dagoberto dos Santos, gerente de planejamento, projetos e negócios do Santos. Segundo ele, um dos indicadores de que a boa fase dentro de campo está relacionada com um aumento das receitas está nas bilheterias, quesito em que o São Paulo também supera os demais. ?Essa elevação de receita, parte por conta das bilheterias, é proporcional ao resultado em campo. Se o time vai bem, a torcida acompanha. Caso contrário, há certo distanciamento por parte dos torcedores. Os demais pontos, como venda de produtos licenciados, franquias e patrocínios de camisa, por exemplo, dependem do peso da marca do clube. Mas é claro que a performance sempre ajuda?, explica o dirigente. O Santos foi o clube que mais queda de receita teve em 2006 em relação ao ano anterior. Essa realidade, porém, é duramente criticada pelo especialista da Casual Auditores. Para Somoggi, os clubes deveriam pensar em novas fontes de receita e criar sólidos planejamentos para que a saúde financeira de cada um não dependa diretamente de títulos ou boas campanhas em campeonatos importantes. ?O grande destaque para mim, mesmo que ligado ao desempenho, é o caso dos royalties do São Paulo. Mesmo com as dificuldades, como pirataria, baixa renda da população e desinteresse por produtos oficiais, o clube conseguiu aumentar em 173% essa arrecadação, totalizando quase quatro milhões de reais [R$ 3,85 mi]. Isso é maravilhoso?, diz Somoggi, que defende, porém, uma ampliação nos trabalhos de marketing dos clubes, inclusive do São Paulo: ?Os clubes não podem fazer apenas marketing de comunicação, precisam também fazer o marketing comercial. Patrocínio é apenas visibilidade de marca. Já fiz cálculos e vi que, se a LG vendesse 30 mil celulares em um ano atrelados ao São Paulo, ela conseguiria pagar metade do que gasta anualmente com o seu patrocínio. Além disso, o São Paulo ganharia de royalties mais de R$ 1 milhão?. Alheio ao cenário montado pelo especialista, Dagoberto do Santos diz que os trabalhos desenvolvidos nos clubes brasileiros são adequados à realidade sócio-econômica do futebol nacional e do próprio país. ?Para mim, não só é injusto como precipitado fazer comparações com o que acontece na Europa e no Brasil. Primeiro porque existem diferenças econômicas e culturais. Por isso, fazemos um marketing com o que é possível, pois não adianta oferecer um leque de produtos se não há disposição para consumir. Tudo depende da qualidade do espetáculo oferecido também?.
Desempenho dita receitas no futebol
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