Doping ameaça o ciclismo

O ciclismo mundial está à beira do caos. Há cerca de um ano que a modalidade sofre com esc”ndalos de doping que, agora, têm reflexo na presença de patrocinadores no esporte. A última deserção foi anunciada nesta semana. O banco francês Crédit Agricole divulgou que deixará de apoiar a modalidade no final de 2008. O doping pôs fim a uma parceria que já durava dez anos. O desafio para a União Ciclista Internacional (UCI), órgão que promove a modalidade, é evitar que o ciclismo se transforme num mercado nebuloso para os investidores. Além disso, a entidade terá de controlar a rebeldia dos atletas, revoltados com a marginalização involuntária do esporte. Para isso, o organismo pretende implantar medidas rigorosas no controle antidoping. Para a Volta da França, que terá início no dia 7 de julho, não será aceito nenhum ciclista que não tenha assinado uma carta negando qualquer tipo de envolvimento com o doping. O documento será usado como um atestado de moralidade tanto para a prova, quanto para seus participantes. Essas atitudes são mais algumas dentro do processo de tentativa de resgate da credibilidade do esporte no mundo inteiro, pouco mais de um ano após a descoberta do maior esquema de doping da história da modalidade, na chamada “Operación Puerto”. A investigação afundou o ciclismo na mais severa crise desde a sua inclusão no rol dos esportes olímpicos, em 1842. A cada semana, o esporte é abalado com o anúncio de novas baixas no quadro de patrocinadores. A primeira delas aconteceu logo após a deflagração da crise, em maio do ano passado. Com a prisão do seu diretor, Manolo Saiz, a Liberty Seguros informou que ia retirar o apoio à equipe que mantinha por danos causados ao ciclismo e aos conceitos da empresa, que aportava seis milhões de euros anuais na manutenção do time. Desde então, houve uma debandada de patrocinadores. À saída da seguradora seguiu-se a despedida da Würth, que investia cerca de 10 milhões por ano no ciclismo, e da fabricante de caminhões Man AG, cujo aporte também girava em torno de 10 milhões anuais. Em abril deste ano, a desconfiança do mercado em relação ao esporte atingiu uma das mais tradicionais etapas do circuito de bicicletas. Sem nenhum patrocinador, a Volta da Suíça, que aconteceria em outubro, teve de ser cancelada. Há duas semanas foi a vez da T-Mobile desfalcar a modalidade. A empresa quebrou o contrato de patrocínio à Volta da França, prova mais importante do calendário anual do ciclismo. A gigante de telecomunicações era a principal fonte de rendas da corrida, com um investimento estimado em US$ 1,33 milhões. O porta-voz da companhia, Christian Frommert, afirmou que o valor agora será empregado na luta contra o doping no esporte e para limpar a imagem da marca, abalada com a suspensão de vários atletas que integravam a equipe da T-Mobile. Apesar do fim do acordo com a competição francesa, o time continuará a existir.

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