De tempos em tempos, alguns atletas surgem para mudar a história do esporte. O segundo lugar conquistado pela paranaense “ngela Park no Aberto dos Estados Unidos, encerrado no último domingo, pode ser inserido nesse seleto grupo e considerado um divisor de águas para o golfe brasileiro. O resultado foi amplamente comemorado entre aqueles que vivem o dia-a-dia da modalidade. A justificativa para a euforia é a possibilidade de ver o golfe alçado a outro status, menos elitista e mais popular, assim como aconteceu com o tênis após a conquista do primeiro Roland Garros por Gustavo Kuerten, em 1997. Nascida em Foz do Iguaçu, a golfista se mudou para a Califórnia aos oito anos. Os pais, coreanos, completam a mistura de nacionalidades. No entanto, nem a pouca relação de “ngela com o Brasil ou sua ascendência oriental abalam a confiança dos especialistas sobre o impacto do fenômeno em território nacional. “Muita coisa vai mudar com o resultado da “ngela. A mídia vai olhar com outros olhos para o golfe, com muito mais destaque. O segundo lugar serviu para mostrar que o Brasil tem vocação para as duas vertentes do golfe: a do talento, produzindo campeões, e a que aborda a questão econômica”, afirma Cristiane Teixeira, diretora da GT Eventos de Golfe. Ex-vice-presidente de desenvolvimento da Confederação Brasileira de Golfe (CBG), Cristiane acredita que a entidade saberá aproveitar o bom momento para criar estratégias de massificação da modalidade no país. A primeira delas seria abrir uma categoria feminina no Aberto do Brasil e trazer a golfista para disputar o torneio em sua terra natal. Além disso, Cristiane sugere que “ngela tenha um acompanhamento especial em todas as competições que participar, principalmente para atrair a atenção dos jovens atletas. “Ela pode virar uma nova Daiane dos Santos, um novo Guga. É possível que a “ngela se torne uma referência no esporte e desperte o interesse dos jovens para o golfe. Principalmente porque é uma modalidade muito bem remunerada”, diz Cristiane. A comparação com o tenista catarinense tem sido utilizada constantemente para destacar a façanha da atleta de 18 anos. Ricardo Fonseca, editor do programa Por Dentro do Golfe do canal ESPN e da revista Golf & Turismo, conta que fez a mesma analogia durante a transmissão da partida que terminou com o resultado histórico para o Brasil. “Estávamos procurando um Guga e ganhamos uma Maria Esther Bueno”, brinca. “O desempenho da “ngela serviu para deslocar o golfe das colunas sociais para as páginas de Esportes dos principais jornais do país. Toda essa repercussão vai ser importante para a base, para estimular prática do golfe entre os jovens”, conclui Fonseca.
Golfista pode repetir feito de Guga
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