Literatura reforça imagem dos clubes

Conquistas recentes, conjuntos de crônicas e apanhados históricos são, cada vez mais, as meninas dos olhos de escritores e clubes por todo o Brasil. Atualmente, livros sobre esportes são febre no país. A iniciativa, porém, não representa dinheiro no cofre dos clubes. O baixo lucro com vendas e royalties, porém, é superado com o ganho institucional dos objetos de estudo. Somente na última semana, dois grandes clubes aderiram ao processo e anunciaram o lançamento de obras referentes a títulos marcantes dos últimos tempos. O Fluminense, com a Copa do Brasil e a boa campanha no Brasileiro de 2007, se uniu ao autor João Marcelo Garcez para publicar “Epopéia Tricolor – A conquista do Brasil e a volta à América”, com prefácio do ex-presidente do clube Francisco Horta. Já o Internacional transformou o Mundial de Clubes de 2006, conquistado no Japão, em um livro repleto de fotos e bastidores. Segundo a própria diretoria, “Gigante – A História da Conquista do Mundial de Clubes 2006” foi uma adaptação do filme “Gigante – Como o Inter Conquistou o Mundo”, feita pelo escritor e também produtor da película Luís Augusto Fischer. Além de cariocas e gaúchos, Cruzeiro e Atlético-MG também tinham sido, recentemente, objeto de inspiração para obras do gênero. O filão, relativamente novo e ainda pouco explorado pelos clubes em geral, é pobre em termos de retorno financeiro. Com royalties baixos, as publicações não chegam nem perto dos ganhos com outros produtos, como camisas oficiais. Mesmo assim, as diretorias crêem que vale a pena investir. “Aqui no Inter, livros que falem sobre a história do clube são tradicionais. O que a gente espera é possibilitar ao torcedor um dado histórico. Alguma coisa de bom gosto. É um ganho institucional e emocional”, diz Jorge Avancini, vice-presidente de marketing do clube gaúcho. Com a memória e as grandes conquistas preservadas, o Fluminense não pensa sequer em retorno financeiro. Como apenas autorizou a realização da obra sobre 2007, pediu, em troca da cessão da marca, um número específico de exemplares que utilizará em promoções e como cartão de apresentação. “O que a gente ganha financeiramente é o uso do produto como brinde, para situações em que recebemos personalidades ou quando visitamos outras pessoas. Dinheiro não é o mais importante nessa situação. É lógico que ele vai ser comercializado, mas não é o caso de um produto licenciado. Meu sentimento é esse, de divulgação da imagem institucional do Fluminense”, afirma Legnar Rangel, vice-presidente de marketing do clube carioca. O resultado desse “desprendimento” financeiro é, na opinião de especialistas, a afirmação da marca em segmentos diferenciados, gerando uma valorização da imagem do clube. “Começa a haver uma preservação da cultura nacional. A entidade que age dessa maneira aumenta o ar de simpatia em torno dela. Outras empresas vêem que esses clubes estão pensando à frente dos outros. Livro às vezes você faz para distribuir, para que o cara tenha parte da sua história. Se for de qualquer setor, ele vai olhar para você com mais simpatia”, conclui João Henrique Areias, ex-diretor de marketing do Flamengo, um dos criadores da Copa União e que atualmente é consultor de marketing esportivo.

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