Chegar às semifinais da Liga dos Campeões da Uefa representa muito mais do que a demonstração de um bom desempenho dentro de campo. Chelsea, Liverpool, Manchester United e Milan são os expoentes do poderio econômico dos maiores clubes de futebol do mundo e modelos de arrecadação. Na última temporada, os quatro geraram um total de 878,3 milhões de euros (R$ 2,5 bilhões) em receitas, valor que representa 7,6% do volume total de recursos gerados entre todas as equipes da Europa no mesmo período. “Os quatro clubes semifinalistas da Liga dos Campeões representam muito bem o atual momento da “football industry” na Europa, pois são clubes com um desenvolvimento comercial excepcional com milhões de euros gerados diretamente com seus torcedores, empresas patrocinadoras e grupos de mídia”, disse Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão de clubes de futebol e responsável pelo setor de novos negócios da Casual Auditores. Ao todo, os três ingleses e o Milan levaram mais de quatro milhões de torcedores aos estádios em 2005-2006. Apenas o Old Trafford, casa do Manchester, recebeu 1,3 milhão de pessoas. Já o clube italiano teve o apoio de 1,1 milhão de torcedores nos jogos realizados em San Siro. Apesar disso, a equipe do brasileiro Kaká é a última colocada entre as semifinalistas no que se refere às receitas geradas nos estádios, atrás de Manchester, Chelsea e Liverpool. “Os ingleses estão em um mercado financeiramente mais desenvolvido e são os que mais receitas futuras devem gerar, com novas mídias e projetos de marketing. O Milan, embora seja uma força econômica do Velho Continente, deve buscar novas fontes de receita a fim de depender cada vez menos dos contratos televisivos e buscar uma ampliação de suas receitas com seus jogos no San Siro”, completou o especialista. A boa fase dos clubes da Inglaterra pode ser relacionada ao modelo de gestão adotado no país. O Manchester United, por exemplo, que vem dominando a lista dos clubes mais ricos e poderosos do futebol há alguns anos, pertence ao empresário norte-americano Malcolm Glazer. Em março, os “Red Devils” foram apontados pela revista Forbes como os líderes em faturamento, com 1,1 bilhão de euros (R$ 3,1 bilhões) arrecadados em 2006. Recentemente, o Liverpool seguiu pelo mesmo caminho e anunciou a venda de 80,7% do seu capital aos magnatas George Gillett e Tom Hicks por 300 milhões de euros. O negócio deve alavancar o desenvolvimento financeiro do time e ratificar a posição do campeão europeu da temporada 2004-2005 como uma das potências econômicas da Europa. Já o Chelsea, clube que obteve o maior crescimento percentual em receitas nos últimos anos, é administrado pelo bilionário russo Roman Abramovich. No entanto, apesar do desenvolvimento financeiro, o clube não apresenta os mesmos resultados quando o assunto é a gestão do faturamento. “O Chelsea, embora tenha desenvolvido muito suas receitas nos últimos anos, tem demonstrado uma gestão pouco eficiente, acumulando déficits altíssimos a cada temporada. O clube terá que buscar um controle mais rígido de seus custos, principalmente salariais, buscando uma redução de suas perdas ao final de cada exercício”, afirmou Carlos Aragaki, sócio da Casual Auditores e especialista em auditoria de clubes de futebol, referindo-se ao prejuízo de 207 milhões de euros do clube dirigido por José Mourinho na temporada anterior.
Nata da UCL reúne potências econômicas
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