Pan não consegue “sair” do Rio

Com mais de 400 mil ingressos vendidos, os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro ainda não conseguiu fazer o que os organizadores mais queriam: ser, de fato, o Pan do Brasil, e não apenas do Rio. Segundo Celso Schvartzer, gerente da Olympo, agência de marketing do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Co-Rio, do total de ingressos já comercializados, 85% foram comprados por cariocas. “Isso é um fenômeno a ser estudado. Eu estive em Turim nos últimos Jogos de Inverno e entre a abertura e o encerramento fui a Veneza, que fica distante 400 quilômetros. Quando cheguei lá, ninguém falava sobre os Jogos de Inverno. O que acontecia era que toda noite, nos bares, o público se reunia para acompanhar as transmissões e torcer para a Itália. Eu acho que teremos um fenômeno parecido por aqui”, afirma Schvartzer. Segundo o executivo, além dos cariocas, o estado que mais deve “ceder” torcedores aos Jogos Pan-Americanos é São Paulo. O diretor da Olympo explica que, tradicionalmente, os paulistas prestigiam os grandes eventos realizados no Rio de Janeiro. “O público da capital e do interior de São Paulo participa muito dos eventos esportivos. Quando a Fórmula 1 e a MotoGP aconteciam no Rio de Janeiro, por exemplo, a quantidade de paulistas e paulistanos que estavam lá era enorme. Isso deve acontecer novamente com o Pan”, diz Schvartzer. Apesar disso, mais do que a paixão dos paulistas pelo esporte, o fato que mais motiva a presença dos moradores de São Paulo no evento são os custos para acompanhar a competição ao vivo. “A tendência é que, fora os cariocas, tenhamos públicos de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, até pela proximidade com o Rio de Janeiro. Mais longe que isso o investimento já é maior com transporte e hospedagem, então acaba afunilando nesses estados mesmo”, afirma o gerente da Olympo. A venda de ingressos para os Jogos Pan-Americanos teve início no dia 27 de abril, com preços que variavam entre R$ 10 e R$ 120. A comercialização inicial está sendo feita via internet e os guichês passaram a também oferecer as entradas ao público a partir do início de julho. Esse modelo foi inspirado em experiências internacionais, apesar da operacionalização do Brasil ter sido falha. “Nós queríamos introduzir a cultura de reserva dos ingressos. A pessoa reserva com antecedência o seu ingresso e, após um tempo, ele confirma a compra. Mas por problemas nós não pudemos colocar esse sistema em prática”, completa Schvartzer. A previsão inicial traçada pelo Co-Rio para a venda dos ingressos era para que as reservas começassem em novembro do ano passado, mas problemas para a implantação do sistema informatizado do site usado para as compras foi um dos responsáveis pela demora. O Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos colocou à disposição 2,5 milhões de ingressos para o evento, e a expectativa é de que a entidade arrecade cerca de R$ 14 milhões com as entradas.

Sair da versão mobile