Ao contrário do que se imagina, a conquista de uma medalha nos Jogos Pan-Americanos não ratifica um bom trabalho realizado ao longo dos anos de preparação para uma competição internacional. Subir ao pódio, em muitos casos, expõe a fragilidade do sistema de gestão do esporte no país. Primeiro brasileiro a conquistar a medalha de ouro na competição, Diogo Silva disparou contra a Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTkd) após a vitória. Com uma ajuda de custo de R$ 600 mensais pagos pela entidade, Diogo se “auto patrocinou” para conseguir disputar a competição. “No início do ano gastei R$ 5 mil do meu próprio bolso para treinar e não dei um carro para minha mãe. Às vezes, quando eu treinava em outros países, via que chegavam malas das federações para os outros atletas. E eu me perguntava por que com a gente não era assim”, afirmou após a conquista. Diogo está sem receber os R$ 2,5 mil mensais de auxílio do programa Bolsa-Atleta, do governo federal, porque não pôde cuidar da burocracia para renová-lo enquanto estava em treinamento na Europa. À “Folha de S.Paulo”, o lutador ironizou a “preocupação” dos dirigentes com a proximidade do evento. Segundo o medalhista, os atletas pediram um aumento à entidade no ínicio do ano, mas foram ignorados. “Às vezes esse dinheiro da federação vinha apenas a cada três meses. No período do Pan eles decidiram parar de atrasar um pouco”, disse. No triatlo, a medalha de bronze de Juraci Moreira desencadeou troca de farpas entre atletas e dirigentes, descontentes com a falta de coordenação entre os membros da equipe para assegurar um melhor resultado. “Ainda falta no Brasil um esquema melhor armado, definir quem seria o favorito e trabalhar para ele, isso teria garantido a prata. [O triatlo] é um esporte individual. Se a confederação não disser que todos vão ganhar dinheiro se houver ajuda aos outros, não vai acontecer”, criticou Juraci à agência de notícias “Reuters”. Após o resultado, o atleta colocou em xeque a organização do esporte e queixou-se sobre o pouco apoio a viagens e treinamentos no exterior. Em relação ao último Pan, disputado em Santo Domingo, em 2003, o Brasil desceu um degrau no pódio. Há quatro anos, Virgilio de Castilho garantiu a prata, mesma medalha de Carla Moreno em 1999, em Winnipeg. Leandro Macedo já havia garantido um ouro em Mar del Plata, em 1995.
Pódio motiva desabafo contra gestão
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