Portugal perde competitividade na Europa

O crescimento da União Européia está colaborando para que o futebol português comece a perder competitividade para mercados periféricos do continente, como Chipre, Bulgária, Grécia e Romênia. Somente nos últimos cinco anos, um total de 105 jogadores, de equipes de médio escalão, deixaram Portugal rumo a essas nações. As informações são do jornal luso “Diário de Notícias”. O alerta foi lançado pelo treinador do Belenense, Jorge Jesus. Para ele, em cinco anos, os países que hoje rivalizam com Portugal devem ter maior poder de compra, fazendo com que os melhores jogadores façam suas carreiras longe do futebol português. “Já não conseguimos segurar os nossos craques, isso daqui a pouco vai acontecer também com os bons jogadores. Teremos dificuldades para encontrar atletas de qualidade”, afirmou Jesus. O treinador também mostra preocupação na concorrência com o Brasil. Segundo ele, os brasileiros já pagam salários próximos aos praticados na Inglaterra, Espanha e Itália. “Lá [no Brasil] eles chegam a pagar até 200 mil euros (R$ 520 mil) para um treinador. Aqui, fora as três grandes equipes, os salários não passam de 20 mil euros (R$ 52 mil)”, desabafou o comandante do Belenense. A situação se repete com os jogadores brasileiros, que atualmente só chegam a Portugal por meio de equipes como Benfica, Porto e Sporting, mas são atletas que vêem a liga portuguesa como uma porta de entrada para à Europa, já que os salários são considerados baixos. “Eu não sabia nem onde ficava o Chipre. Fui parar no Apoel por causa do dinheiro. Fui contratado pelo dobro da melhor proposta que tive em Portugal”, revelou Ricardo Fernandes, que atuava no Porto quando a equipe foi campeã européia e mundial em 2004. O principal motivo da nova realidade é a crise financeira que vive a maior parte dos clubes portugueses. Hoje, muitas das equipes do país se tornaram exportadoras de atletas. As negociações são fundamentais para equilibrar as contas, que podem representar até 20% do faturamento das agremiações. Para Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, a tendência é que Portugal perca mais espaço para outras nações. Ele revela dados de uma pesquisa que aponta que o salário real no país está abaixo do prático no leste europeu. Nos últimos cinco anos, a Liga portuguesa perdeu 48 jogadores para Chipre, 20 para a Romênia, 19 para a Bulgária e 18 para a Grécia.

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