Sem líder, Corinthians discute estatuto

Com a renúncia de Alberto Dualib da presidência, o Corinthians começa a discutir, além de seu sucessor, a mudança de estatuto do clube. É consenso entre todas as correntes formadas que é necessário modificar o modelo que permitiu ao ex-presidente permanecer por mais de uma década no poder. A proposta que mais ganha peso no clube é uma que já vinha sendo trabalhada pela corrente de oposição. Nela, duas medidas são consideradas radicais em relação ao projeto original: a extinção da reeleição e o fim dos privilégios aos conselheiros vitalícios. O objetivo é dar apenas três anos de mandato ao presidente, sem que ele possa se reeleger. O prazo desse mandato é o ponto de discórdia. Alguns conselheiros acham que três anos sem reeleição é pouco para governar, ainda mais com o clube na atual situação, endividado e com a parceria com o MSI para ser extinta na Justiça. Por isso, defendem um mandato de quatro, ou então um de dois anos com direito a uma reeleição. ?Quem for eleito ficará no cargo até janeiro de 2009, quando termina o período para qual o Dualib foi eleito. Somente a partir daí valeira o novo estatuto. Outra idéia é fazer com que as eleições do Conselho e da diretoria coincidam a cada quatro anos?, afirmou Felipe Ezabella, advogado da oposição corintiana. Esse ano que resta ao futuro presidente corintiano poderá, no fim, valer para que a proposta de três anos seja aceita. Aquele que for eleito em 9 de outubro próximo poderá concorrer na eleição de 2009. Mas para a oposição corintiana, que tem em Andrés Sanches o seu líder, mais importante do que isso são os conselheiros vitalícios, cargo criado por Alberto Dualib e que fortaleceu muito sua posição dentro do clube. ?Difícil vai ser acabar com os conselheiros vitalícios e seus benefícios, já que são direitos adquiridos. O que podemos tentar é impedir que os novos [conselheiros] tenham as regalias. Isso torna mais difícil de ser aprovado [o novo estatuto]. Mas o fim da indicação de conselheiros é um dos pontos fundamentais da nossa proposta. Temos também que nos proteger para evitar que o que aconteceu até hoje não se repita?, disse Ezabella. O advogado acredita que o processo de alteração no estatuto deve ser demorado e trabalhoso. Ele explica que após as diversas correntes definirem uma proposta, ela deve passar pelo Conselho de Orientação Fiscal (Cori), pelo Conselho Deliberativo e depois por uma assembléia geral. Apesar das dificuldades, Ezabella defende o novo estatuto, alegando que só ele pode evitar a repetição de novos esc”ndalos como os observados durante a parceria com a MSI. Na opinião do oposicionista, a contratação de uma empresa de auditoria idônea é fundamental para fiscalizar constantemente a diretoria. Quem também defendeu mudanças no regulamento interno do clube foi o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Senger. Durante entrevista coletiva na última sexta-feira, ele afirmou que ?ninguém é eterno e tem o direito de desrespeitar 30 milhões de almas corintianas?. Senger, porém, é a favor de um mandato de dois anos, com uma reeleição.

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