A articulação da oposição do Corinthians para conseguir a destituição imediata do presidente Alberto Dualib não deve dar resultados. O impeachment do dirigente requer uma complexa passagem por etapas e cumprimentos de prazos que devem ultrapassar, inclusive, a previsão inicial de 60 dias para sua saída. Segundo o advogado especialista em direito desportivo Felipe Ezabella, o Código Civil não permite qualquer manobra para que Dualib seja afastado definitivamente do comando do clube neste momento. Nem mesmo as evidências de má administração e a divulgação pelo jornalista Juca Kfouri na ?Folha de S. Paulo? e no portal UOL no último domingo da ?Operação Perestroika?, nome dado à investigação feita pela Polícia Federal que confirmou o envolvimento do russo Boris Berezovski na parceria firmada entre o Corinthians e o MSI, devem ser suficientes. ?O Dualib só pode sair mediante a realização da Assembléia Geral. Todo mundo tem o direito de preparar sua defesa em um prazo de 30 dias, como está previsto no artigo 59 do Código Civil. Eles [Dualib e Nesi Curi, vice-presidente licenciado] só foram notificados na última semana?, afirmou Ezabella, integrante da oposição do time paulista. O Conselho Deliberativo teria de ser novamente convocado para aprovar a saída do presidente e da atual diretoria. Só então a decisão seria referendada na assembléia que, obrigatoriamente, contaria com os votos de todos os sócios. Todo o tr”mite levaria pouco mais de dois meses para ser consumado. O único caminho para o fim da ?Era Dualib? sem esses meandros legais seria a renúncia. Ezabella, porém, não acredita que isso aconteça e destaca a disputa pelo poder nos bastidores do clube como o principal dificultador do processo. ?Eles não vão renunciar. Tudo tem que ser feito da forma mais rápida possível. Muita gente quer se promover publicamente e atrapalha o andamento do processo. O Corinthians vive um clima de campanha que impede a definição do caso?, disse o magistrado. O relatório de 72 páginas da Polícia Federal, divulgado no último domingo, mostrou ainda que Kia Joorabchian atuava apenas como ?laranja? na parceria Corinthians/MSI. Além disso, o documento com as interceptações telefônicas feitas com a autorização da Justiça envolveu o nome do jogador Ricardinho. Em um trecho da conversa, o atleta aparece negociando o depósito de US$ 1,4 milhão com o empresário iraniano em uma conta fora do país. Se não abandonarem o clube, porém, os dirigentes corintianos correm o risco de serem presos. É possível que ainda hoje o procurador Silvio Martins de Oliveira, que investiga a parceria Corinthians-MSI, peça a prisão de Dualib e Curi.
Só renúncia tira Dualib do Corinthians
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