COB estuda como fica CBV após punição por Caso Wallace, mas cumpre decisão do Cecob

Wallace (à dir.) ataca bola durante a final da Superliga Masculina - Maurício Val / FVImagem / CBV

Passados três dias do impacto da punição imposta pelo Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (Cecob) à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), o COB estuda como cumprir a decisão sem inviabilizar as atividades da modalidade na temporada.

Segundo a Máquina do Esporte apurou, não há no comitê intenção de desobedecer à decisão do Cecob. A entidade apenas busca uma solução jurídica para manter das atividades do vôlei brasileiro.

Nesta quarta-feira (3), a Comissão de Atletas do COB, que já havia se manifestado publicamente a favor do jogador, reuniu-se com o departamento jurídico do comitê para discutir o caso. Os atletas também estão preocupados com as atividades da modalidade.

Rigor

O Cecob reagiu com rigor à escalação do oposto Wallace pelo Sada Cruzeiro na final da Superliga Masculina, no último domingo passado (30).

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do vôlei havia liberado o atleta de uma punição que fora imposta pelo Cecob em fevereiro. A CBV, então, passou o caso para o Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA). O órgão, então, ratificou a liberação de Wallace feita pelo STJD do vôlei. De posse dessa decisão, a CBV garantiu a escalação do oposto. O Cecob, porém, afirma não reconhecer o CBMA como órgão mediador.

Pela liberação de Wallace para a final da Superliga, o Cecob decidiu suspender o jogador por mais cinco anos tanto do vôlei como de vestir a camisa da seleção brasileira. Isso praticamente determina a aposentadoria de Wallace das quadras, já que o atleta está com 35 anos.

A CBV, por sua vez, foi punida com a suspensão por seis meses do vínculo com o COB. Além disso, o órgão afirmou que notificaria o Banco do Brasil para suspender o patrocínio à confederação, e o Ministério do Esporte, para cortar repasses de verba à entidade. Presidente interino da CBV, Radamés Lattari também foi suspenso por um ano.

A decisão coloca em risco a participação do Brasil em eventos como os Jogos Pan-Americanos de Santiago, que serão disputados de 20 de outubro a 5 de novembro, etapas do Circuito Mundial de vôlei de praia, fundamentais para a classificação olímpica das duplas brasileiras, e torneios pré-olímpicos, marcados para o final do ano.

Entenda o caso

Wallace havia sido punido por postar em sua conta oficial no Instagram uma enquete sugerindo um atentado contra o Presidente da República. Na pesquisa entre seus seguidores, 54% aprovaram dar um tiro no presidente Lula. Diante da péssima repercussão, o jogador deletou o post horas depois e gravou um vídeo reconhecendo o erro e pedindo desculpas.

A Advocacia-Geral da União (AGU), porém, pediu que o Conselho de Ética do COB e a CBV punissem o jogador. Com a nova decisão do Cecob, a AGU voltou a se manifestar dizendo que apoiará o cumprimento das punições.

Outro lado

Na terça-feira (2), a CBV divulgou uma nota reagindo às punições e afirmou que a confederação “empenhará todo o seu esforço e seus recursos para manter a preparação dos atletas, de quadra e de praia, para estas importantes competições. E espera que o COB respeite seu estatuto e a legislação vigente, e não tome qualquer medida sem que a CBV tenha direito amplo e irrestrito à defesa”.

Procurada pela Máquina do Esporte nesta quinta-feira (4), a confederação de vôlei afirmou que o CBMA é o órgão designado para dirimir questões como a liberação de Wallace, segundo o estatuto da confederação e também pelo do COB.

Já sobre a suspensão imposta a Radamés Lattari, a CBV afirmou que o dirigente não deixará a presidência da confederação porque “estaria suspenso apenas das atividades esportivas vinculadas ao COB, e não das demais atividades como vice-presidente da CBV diante da própria entidade”.

Lattari substituiu o presidente da CBV, Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, afastado da entidade por motivo de saúde. Toroca pediu licença de 90 dias em fevereiro. O período já se esgotou, mas ele não teve condições de retornar.

A CBV também afirmou que “reitera que não cometeu qualquer infração passível de punição pelo Cecob e que está adotando todas as medidas necessárias”. A entidade, porém, não detalhou quais seriam essas medidas.

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