O Ministério do Esporte (Mesp) se pronunciou oficialmente sobre o Caso Wallace pela primeira vez desde que o Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (Cecob) puniu o jogador, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e Radamés Lattari, presidente interino da entidade.
A pasta afirmou que examinará a gestão do COB, responsável por utilizar a verba da Lei Piva destinada aos projetos do vôlei. Segundo uma punição dada à CBV, a entidade ficará seis meses sem vínculo com o comitê brasileiro. Lattari, por sua vez, pegou um gancho de um ano.
“Diante do anúncio de que o COB garantirá a regularidade do desenvolvimento da modalidade, o Ministério do Esporte continuará diligente para fiscalizar tais providências, sempre tendo em vista ser inadmissível qualquer prejuízo ao vôlei brasileiro”, afirmou a pasta que é comandada pela ex-jogadora de vôlei Ana Moser.
O Mesp reiterou que não recebeu nenhuma comunicação oficial sobre a decisão do Cecob em adotar uma punição mais severa após a CBV liberar o oposto Wallace para jogar a final da Superliga Masculina, há duas semanas, mesmo estando suspenso por infração ética. No entanto, tentou ser intermediário de uma conciliação entre as partes.
“Este ministério, com o apoio da Advocacia-Geral da União (AGU), imediatamente buscou estabelecer diálogo com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e com a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para encontrar formas eficientes de composição”, afirmou o ministério.
Conciliação
O órgão lamentou que não tenha havido entendimento entre COB e CBV.
“O Ministério do Esporte sugeriu diversos cenários de ajustamento de conduta entre as partes, de modo a garantir não apenas a efetividade das sanções regularmente impostas ao atleta, pela prática de infração ética, mas também – e principalmente – para assegurar que a modalidade não venha a sofrer qualquer tipo de ônus”, contou o ministério.
Uma das soluções negociadas foi a CBV reconhecer que errou ao liberar Wallace. Com isso, tanto a confederação como Lattari seriam liberados. A punição do jogador seria reduzida de cinco para um ano, contado a partir de fevereiro. Ou seja, na prática, Wallace teria que cumprir mais nove meses de suspensão e estaria apto a jogar a parte final da Superliga do ano que vem.
A CBV, porém, rejeitou essa solução. A confederação afirmou que correrá atrás de seus direitos. No entanto, não informou se recorrerá da decisão do Cecob. O caso pode inclusive ir parar na Justiça comum.
Wallace havia sido punido inicialmente por 90 dias após incitar um atentado contra o Presidente da República por meio de suas redes sociais. Diante da péssima repercussão, o jogador chegou a apagar o post e gravou um vídeo pedindo desculpas. A AGU, porém, enviou um ofício ao COB e à CBV pedindo a punição do jogador.
Nota oficial
Leia abaixo a nota divulgada pelo Ministério do Esporte na íntegra:
O Ministério do Esporte (MEsp), na qualidade de órgão central do Sistema Brasileiro do Desporto (Lei nº 9.615, de 28 de março de 1998), vem a público comunicar que:
1) embora não tenha sido oficialmente notificado da mais recente decisão do Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (CECOB), relativa à infração ética cometida pelo atleta Wallace, este ministério, com o apoio da Advocacia-Geral da União (AGU), imediatamente buscou estabelecer diálogo com o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e com a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para encontrar formas eficientes de composição;
2) levando em conta o recente recrudescimento das punições impostas pelo CECOB, bem como sua extensão à CBV e a seu dirigente máximo, o Ministério do Esporte sugeriu diversos cenários de ajustamento de conduta entre as partes, de modo a garantir não apenas a efetividade das sanções regularmente impostas ao atleta, pela prática de infração ética, mas também – e principalmente – para assegurar que a modalidade não venha a sofrer qualquer tipo de ônus;
3) mesmo com o esforço despendido por este ministério, não se chegou a um consenso capaz de equalizar as divergências administrativas entre as referidas entidades;
4) o MEsp entende como inegociável a regularidade do desenvolvimento da modalidade de voleibol, que deve ficar isenta de prejuízos ou condicionantes;
5) diante do anúncio de que o COB garantirá a regularidade do desenvolvimento da modalidade, o Ministério do Esporte continuará diligente para fiscalizar tais providências, sempre tendo em vista ser inadmissível qualquer prejuízo ao vôlei brasileiro;
O Ministério do Esporte reitera a disposição para coordenar novos esforços de conciliação e reafirma a condição de defensor irrestrito do esporte brasileiro.