Nesta semana, fui com a esposa ver no cinema o filme “Gran Turismo”, inspirado no mais consagrado game de corrida deste século.
É um filme legal e atinge o ponto no entretenimento.
Obviamente que o fã raiz do esporte a motor vai achar incongruências. Aquele que tem o olho treinado e fica procurando erros de sequência ou elementos inconsistentes com o mundo real, logo notará que parte das 24 Horas de Le Mans é gravada no circuito travado de Hungaroring, que nada tem a ver com a realidade da velocíssima pista francesa.
Mas é importante pontuar aqui que não estamos falando de um documentário e sim de cinema. Arte e fantasia são pressupostos neste contexto.
Mas esta não é uma coluna de crítica cinematográfica nem voltada para avaliações de realismo e verossimilhança com a vida do mundo real.
O ponto é que, para uma pessoa que acompanha as corridas pelo interesse profissional do marido (eu no caso), ou para alguém que vive do esporte a motor (eu no caso), o Gran Turismo é capaz de entreter.
Ela ficou bastante interessada em saber a “história real” do piloto Jann Mardenborough, que, em 2011, foi o terceiro e mais jovem vencedor do GT Academy. Bancado pela Nissan e pela Sony Interactive Entertainment de 2008 a 2016, o GT Academy era uma atração televisiva que se propunha a franquear uma oportunidade de acelerar na vida real aos melhores gamers do Gran Turismo.
E coube a Mardenborough, filho de um jogador de futebol que passou sua infância e adolescência no País de Gales, o papel de assumir um assento no protótipo LMP2 da Nissan em 2013, com direito a pódio em terceiro lugar na classe.
Claro que ele virou personagem no filme.
Do ponto de vista do marketing, o mérito do filme é retratar um plano de ativação que une a cena gamer, a Nissan e a Sony (Playstation), narrando com elementos dos universos do esporte a motor, games e cinema, a trajetória de um piloto de joystick até um cockpit na maior corrida de longa duração do mundo.
O que nasceu como um reality show para montar um time de corrida em Le Mans só com pilotos reveleados nos games chegou à tela grande no roteiro do filme, que retrata de forma interessante um formidável case de marketing.
E a linguagem do filme também tempera bem os universos. Com licenças poéticas à parte, une bem cenas de corrida aos sinais sonoros consagrados no Gran Turismo e aos gráficos como os do game (com suas setas na pista indicando a melhor trajetória por exemplo).
Para um esporte que precisa se reinventar e cativar novas audiências, o filme Gran Turismo cravou uma pole-position.
Ponto para a Nissan, que embarcou na iniciativa com a Sony há mais de dez anos e agora tem a oportunidade de estar em sintonia com a nova geração dos fãs de corrida.
Luis Ferrari é CEO da Ferrari Promo e escreve mensalmente na Máquina do Esporte sobre esporte a motor