No competitivo mundo do esporte, muitos acreditam que superar os adversários significa destruí-los. No entanto, a verdadeira excelência no esporte não vem da destruição, mas do respeito e da capacidade de elevar-se mutuamente.
Os adversários são essenciais no nosso crescimento; eles nos desafiam a alcançar nosso melhor nível e nos preparam de maneira mais completa, mantendo-nos focados e concentrados.
A competição saudável é aquela que extrai o máximo de cada atleta, respeitando as regras do jogo e mantendo a integridade. Ao entender a essência da competição, tornamo-nos mais fortes e mais implacáveis. Isso significa que, para vencer, o adversário deve apresentar sua melhor versão, o que nos impulsiona a alcançar a excelência.
Ao reconhecer que cada adversário enfrenta lutas semelhantes – inseguranças, dúvidas, incertezas, pressões familiares e pessoais – começamos a ver o esporte como um campo onde o respeito se traduz em força e não em fraqueza, como muitos pensam.
Esse entendimento é extremamente necessário, porque a honra e o respeito, sem sombra de dúvidas, são mais importantes do que a vitória.
O ódio do adversário, a preocupação em excesso em destruí-lo, acaba fazendo com que o competidor perca totalmente sua lucidez. E a maior vantagem dos que não se deixam ser levados pelo ódio, é que eles se mantém focados, concentrados e lúcidos para pensar de forma mais racional e assim tomar as melhores decisões que poderão conduzi-lo à vitória,
Quantos exemplos nós já vimos de raiva mútua, provocações antes de competições que terminaram com atletas perdendo totalmente o foco, a estratégia e a lucidez e sendo de fato derrotados no ringue?
Vale ressaltar que existe uma grande diferença entre o ódio e a indignação. Enquanto o primeiro te faz perder o controle, o segundo acontece quando o competidor fica indignado com alguma fala do adversário, com alguma atitude. Porém ele tem a inteligência emocional suficiente para transformar esse sentimento em motivação para vencer.
Na luta recente entre Aldo e o americano Jonathan Martinez, no UFC, tivemos um belo e admirável exemplo de como a honra e o respeito podem e devem estar presentes na competição.
Após uma luta intensa, o respeito mútuo foi claramente traduzido em um abraço sincero e em um olhar de cumplicidade, que revela algo muito mais valioso do que a vitória e mostra um grande exemplo de como respeitar não apenas o adversário, mas todos os envolvidos no processo.
Aldo é um lutador forte, estratégico e intenso, mas ao mesmo tempo consciente. Ele demonstra, por meio desse gesto e de tantas outras atitudes, que entendeu perfeitamente a essência da competição. E foi uma demonstração verdadeiramente linda que ele nos apresentou, de como realmente deve ser a postura de um autêntico vencedor.
Rivalidades lendárias, como Messi contra Cristiano Ronaldo e Ayrton Senna versus Alain Prost, também mostram como a competição pode ser uma força positiva, propulsora de recordes, realizações históricas. Eles não apenas competiram, mas cresceram e evoluíram através de suas disputas.
O próprio Alain Prost citou em uma entrevista que “sem o Senna, não existiria o Alain Prost”. É fato que eles tiveram muitos desentendimentos durante a carreira, mas no final entendem perfeitamente que foi essa competitividade que fez com que eles vivessem os melhores dias deles dentro do esporte.
Entender que o respeito pelo adversário é uma força, e não uma fraqueza, é fundamental. Um adversário bem preparado eleva o nível da competição, beneficiando todos: atletas, espectadores e o esporte como um todo.
A competição, quando baseada no respeito mútuo, não apenas determina um vencedor, mas fortalece a integridade e a honra entre os competidores e também do esporte.
Diego Ribas é ex-jogador de futebol, com passagens por Santos, Flamengo, diversos clubes europeus e seleção brasileira. Atualmente, é palestrante, comentarista, apresentador do PodCast 10 & Faixa, garoto-propaganda de empresas como Genial Investimentos, Adidas, Colgate e Solides, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte