O tênis de mesa brasileiro passou perto de fazer história em Paris 2024, Jogos Olímpicos que se encerram no domingo (11). Apesar de ter ficado sem medalhas, os atletas escolhidos pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) alcançaram bons resultados para o esporte.
O destaque foi Hugo Calderano, que passou perto da primeira medalha da história do país na modalidade, mas perdeu a disputa do bronze. Ainda assim, se tornou o primeiro atleta não europeu e não asiático a terminar o torneio de simples em quarto lugar.
“A avaliação é bastante positiva, pois tivemos crescimento em todos os aspectos. Nosso principal atleta masculino, Hugo Calderano, esteve a uma vitória da primeira medalha olímpica em Paris”, disse Alaor Azevedo, presidente da CBTM, à Máquina do Esporte.
Vitor Ishiy também disputou o individual masculino, mas caiu na segunda fase. No simples feminino, Giulia Takahashi caiu na primeira fase, enquanto sua irmã mais velha, Bruna Takahashi, foi eliminada na etapa seguinte.
Nas duplas, Vitor Ishiy e Bruna Takahashi foram eliminados logo nas oitavas de final. Entre as equipes, a feminina (com Bruna Alexandre, Giulia Takahashi e Bruna Takahashi), também caiu nas oitavas, enquanto os homens (com Guilherme Teodoro, Vitor Ishiy e Hugo Calderano) perderam nas quartas.
“Nossa principal atleta feminina, Bruna Takahashi, esteve no top 20 durante quase todo o ciclo e fez a melhor campanha das mesatenistas brasileiras em todos os tempos. Nosso time feminino fez uma boa participação diante das fortes sul-coreanas, enquanto os meninos, sem contar com Gustavo Tsuboi após quatro ciclos, mantiveram a boa campanha de Tóquio, com Vitor Ishiy assumindo seu lugar como raquete 2”, analisa o dirigente.
Investimento
Para alcançar esse resultado, a CBTM contou com patrocinadores e verbas provenientes do apoio estatal. A entidade teve o patrocínio de Tibhar, B&T Câmbio e Loterias Caixa durante o ciclo.
“A Tibhar é a nossa fornecedora de material esportivo e sempre foi uma grande parceira do tênis de mesa. A B&T Câmbio e a Loterias Caixa nos apoiam com recursos para a seleção paralímpica e para as competições nacionais, o que resulta em maior comodidade para podermos distribuir melhor os recursos”, detalhou Alaor Azevedo.
“Estes apoios proporcionam que o Brasil seja uma potência paralímpica no tênis de mesa, com sete medalhas conquistadas no último Mundial”, acrescentou.
Além dos recursos vindos de seus patrocinadores, a CBTM também contou com repasses feitos pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) provenientes da Lei Piva, que define que 2% da arrecadação bruta das loterias federais deve ser direcionado ao COB e ao Comitê Paralímpico Brasileiro.
No último ciclo, que teve um ano a menos por conta do adiamento de Tóquio 2020, a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa recebeu R$ 24,8 milhões, que representam 2,8% do total repassado pelo COB para todas as confederações.
A CBTM recebeu R$ 4,9 milhões em 2022, R$ 5,9 milhões em 2023 e R$ 5,9 milhões em 2024. Considerando todas as confederações, o COB repassou quase R$ 600 milhões para as entidades olímpicas.
“Sem estes recursos seria impossível manter este alto nível. Embora a CBTM tenha bons parceiros comerciais, sem os recursos da Lei Piva não poderíamos investir tanto e certamente teríamos dificuldades em um esporte no qual as principais potências contam com grande aporte governamental, casos de China, Japão e Coreia do Sul, entre outros”, diz o presidente da CBTM.
Bolsa Atleta
Os investimentos do Governo Federal aos esportes também incluem o Bolsa Atleta, que paga uma quantia mensal aos esportistas inscritos no programa. Dos seis mesatenistas que representaram o Brasil em Paris 2024, todos recebem o benefício.
Ainda assim, Alaor Azevedo apontou um investimento ainda maior no principal atleta do Brasil na modalidade, Hugo Calderano. De acordo com o dirigente, a entidade já investiu mais de R$ 6 milhões no competidor, que atualmente ocupa a terceira posição no ranking mundial.
“Investimos mais de R$ 6,4 milhões em doze anos somente no Hugo Calderano, com bolsas, participações em eventos internacionais e investimento em profissionais de equipe multidisciplinar”, lembrou.
“Nesta conta, não estão os recursos obtidos pelo atleta com a Bolsa Atleta e Bolsa Pódio Federal. Isso mostra o quanto é importante o aporte do Governo em uma política esportiva de apoio”, acrescentou.
Audiência
Mesmo com todo o investimento, Hugo Calderano não conseguiu levar a medalha. Ainda assim, na visão da CBTM, seu bom desempenho é de extrema importância para o crescimento do tênis de mesa no Brasil, fomentando o aumento do interesse pelo esporte.
“Certamente [a medalha] seria importante. Mas o crescimento do tênis de mesa vem acontecendo gradativamente. Cada vez mais temos espaço na mídia e isso é demonstrado anualmente em medições que fazemos”, afirmou Azevedo.
De acordo com o presidente, a audiência do tênis de mesa vem aumentando no país. Como consequência desse movimento, está um maior interesse comercial, que pode fomentar ainda mais o crescimento do esporte.
“Em 2023, o retorno de mídia de TV superou os R$ 125 milhões, com mais de 46 horas de transmissões ao vivo, contabilizando apenas emissoras de TV abertas e por assinatura. Neste ano, o número deve ser amplamente superior. Fizemos um grande investimento no nosso próprio canal, com mais de 800 horas de transmissões de competições nacionais”, explicou.
“Tudo isso atrai patrocinadores, parceiros, que querem associar suas marcas a um esporte bem organizado e gerido com sucesso, já que somos uma das poucas confederações que esteve no top 5 do ‘Prêmio Sou do Esporte’ em todas as temporadas, sendo considerada a melhor confederação em governança por três anos consecutivos”, afirma.
Fortalecimento e renovação
Para o próximo ciclo, a CBTM terá olhares específicos para suas diferentes categorias. Entre as mulheres, a ideia é fortalecer a equipe. O time masculino deverá passar por uma renovação gradativa de jogadores.
“Nosso planejamento é para isso. Queremos fortalecer ainda mais a seleção feminina, que fez sua melhor campanha em Mundiais na última edição, no início do ano”, avaliou Azevedo.
“No masculino, começaremos uma renovação gradativa, com novos talentos que estão surgindo, caso do Leonardo Iizuka, que já foi para Paris como reserva, aos 18 anos, e atua no mesmo clube de Hugo Calderano. Pretendemos sim, voltar a disputar as medalhas individuais, mas também nas competições de equipes”, completou.