A saga envolvendo a criação e a venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Juventus, de São Paulo (SP), pode estar se aproximando do fim.
Em uma votação realizada na noite desta terça-feira (17), na sede do clube do tradicional bairro paulistano da Mooca, o Conselho Deliberativo aprovou a proposta por 70 votos a 18.
A Máquina do Esporte apurou que 10 conselheiros foram impedidos de votar, por conta de suspensões impostas nos últimos dias.
No próximo dia 25 de junho, o Conselho Deliberativo do Juventus realizará uma reunião extraordinária na boate do clube, conhecida como Pyramid, para debater a possível exclusão de membros do órgão. Cada conselheiro suspenso terá direito, antes da votação, a um prazo de cinco minutos para se defender.
Representantes do grupo formado pela empresa italiana AlmavivA e pela brasileira Total Player foram impedidos de participar da reunião do Conselho, que selou o destino da SAF.
As duas empresas decidiram unificar as propostas nesta segunda-feira (16), como forma de fazer frente ao favoritismo do consórcio formado por Contea Capital e Reag Capital Holding.
Total Player e AlmavivA propunham-se a realizar um aporte total de R$ 37,45 milhões, contra R$ 20 milhões oferecidos pelo grupo concorrente. Além disso, a companhia italiana oferecia um patrocínio de R$ 30 milhões ao Juventus, caso sua proposta fosse vitoriosa.
Regras
No último sábado (14), alegando falta de transparência no processo de escolha da investidora da SAF e possível favorecimento ao grupo liderado por Contea e Reag, AlmavivA e Total Player (até então concorrentes) optaram por não apresentar suas respectivas propostas aos conselheiros do Juventus.
Ambas preferiram disponibilizar links, tornando públicas suas ofertas. Reag e Contea, por sua vez, tiveram sua proposta apresentada pelo brasileiro Claudio Fiorito e o italiano Federico Pastorello, sócios da empresa de agenciamento de atletas P&P Sport Management, com sede em Mônaco.
Como o prazo máximo para possíveis investidores protocolarem ofertas pela SAF do Juventus esgotou-se em 30 de abril, fontes próximas a Reag e Contea questionavam se a proposta unificada pelas concorrentes nesta semana poderia ter validade jurídica.
Na votação desta terça-feira (17), segundo apurou a Máquina do Esporte, enquanto os representantes de Total Player e AlmavivA foram barrados, Contea e Reag tiveram participação garantida e puderam até mesmo responder às dúvidas dos participantes do encontro.
Durante a reunião, os dirigentes que conduziam as discussões já davam a proposta de Total Player e AlmavivA como desconsiderada.
A Máquina do Esporte teve acesso à proposta vinculante protocolada pela Contea, em 30 de abril deste ano.
Um fato que chama a atenção é que, no documento, a empresa afirma que a proposta teria validade de 30 dias. Em tese, esse prazo já teria se esgotado no fim do último mês de maio.

No documento, o grupo se propõe a realizar um aporte de R$ 20 milhões no clube, em um prazo de até 30 dias após a assinatura do contrato de compra de 90% da SAF.
O grupo deverá assumir toda a operação do futebol do Juventus, incluindo as categorias de base, o feminino e as escolinhas.
Os investimentos no time profissional masculino cresceriam de acordo com a evolução da equipe nas competições, iniciando-se com R$ 5 milhões na Série A2 do Paulistão e atingindo R$ 40 milhões na Série B do Brasileirão.
A projeção do grupo é de que o Moleque Travesso possa alcançar a primeira divisão nacional até 2035.
Seriam destinados, ainda, R$ 40 milhões, sendo R$ 25 milhões investidos até o fim de 2026 e outros R$ 15 milhões com prazo máximo estipulado para dezembro de 2027, a uma série de obras no clube.
Entre elas, a reforma completa do Estádio Conde Rodolfo Crespi, na Mooca, popularmente conhecido como Rua Javari, mas que no documento da Contea já é denominado de Arena Juventus.

O edital de convocação da reunião que autorizou a criação da SAF informava que a instituição estaria automaticamente vinculada à proposta considerada mais vantajosa, que deve ser a do grupo encabeçado por Contea e Reag.
A oposição ao presidente Dilson Tadeu dos Santos Deradeli aguarda o julgamento de uma ação judicial que questiona o resultado da última eleição do clube, realizada em abril deste ano.
Procurados, os representantes do grupo formado por AlmavivA e Total Player informaram que, diante do resultado da votação, estudam as medidas a serem tomadas.