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Náutico negocia adesão a acordo da LFU para venda de parte dos direitos comerciais

Clube pernambucano não havia aderido ao condomínio que fechou contrato com investidores liderados pela Life Capital Partners

Bruno Becker (à esquerda) participa de debate na Confut Nordeste - Paulo Paiva / Foco Radical

Um dos fundadores da Liga Forte União (LFU), o Náutico acabou optando por não aderir, em 2023, ao condomínio que vendeu parte dos direitos comerciais para investidores liderados pela Life Capital Partners (o percentual negociado inicialmente pelos clubes, à época em que o negócio foi fechado, era de 20%, mas depois o índice foi rediscutido).

Mas a equipe pernambucana agora está disposta a conhecer e analisar as propostas dos investidores. É o que garantiu o presidente do Náutico, Bruno Becker, em entrevista concedida à Máquina do Esporte nesta quarta-feira (3), durante a Confut Nordeste, que é realizada em Recife (PE).

“Quando foi definida a venda de parte dos direitos dos clubes aos investidores, o Náutico preferiu não participar. Agora, voltamos a discutir”, explicou Becker.

Por enquanto, ainda não existem valores ou percentuais definidos para essa negociação com a LFU. “Estamos conversando. Já tivemos duas reuniões com a Liga e vamos analisar se as propostas atendem ao interesse do clube”, disse o dirigente, que participou o debate “Futebol Pernambucano em Destaque”, mediado pelo jornalista Antonio Gabriel e que contou também com a participação do presidente do Santa Cruz, Bruno Rodrigues.

Pés no chão

Durante o debate, Becker comentou a respeito dos investimentos que o Náutico pretende realizar na temporada 2026, quando voltará a disputar a Série B do Brasileirão, após o acesso obtido neste ano.

O presidente acredita que a folha de pagamento do elenco ficará em torno de R$ 2,5 milhões mensais. Esse valor está abaixo dos maiores investimentos registrados na competição, em que alguns times chegam a destinar R$ 6 milhões ao mês para salários de atletas.

Nesse cenário, o dirigente procura adotar uma postura “pés no chão” em relação às metas estabelecidas para o ano que vem.

“Na Série B, nosso objetivo é competir e permanecer na divisão. Se o acesso vier, melhor. Mas não vou prometer nada aos torcedores”, afirmou.

A ideia da diretoria é montar um elenco enxuto, mas que seja competitivo. “Faremos isso com assertividade nas contratações. Nenhum jogador virá para o Náutico, sem antes passar pelo crivo da comissão técnica”, disse.

Um dos principais objetivos do Náutico para 2026 é a melhoria das estruturas físicas do clube. Entre as intervenções mais urgentes previstas para os próximos anos estão a troca da iluminação do Estádio dos Aflitos e reformas nos vestiários e no Centro de Treinamento (CT).

A diretoria ainda analisa medidas de longo prazo, incluindo um destino para parte da área do CT da equipe, que possui um total de 52 hectares, dos quais só oito são de fato utilizados.

Os dirigentes não descartam a possibilidade de negociar futuramente os espaços que hoje não são usados pelo clube.

SAF amadureceu

No começo do ano, o Náutico chegou a discutir a criação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), que teria seu controle vendido ao Consórcio Timbu, grupo que reunia uma série de investidores interessados em assumir o futebol do clube.

O projeto, porém, enfrentou questionamentos no Conselho Deliberativo. No fim, os próprios investidores optaram por retirar a proposta para aquisição da SAF.

Segundo Becker, apesar de a SAF não haver avançado naquela ocasião, o episódio serviu para quebrar a resistência de conselheiros e sócios, em relação à ideia. Antes, o tema era considerado um tabu dentro do Náutico.

“Antes de iniciarmos as conversas com o Consórcio Timbu, alguns investidores nos procuraram, apresentando suas condições. Hoje, na medida em que as conversas sobre SAF amadureceram dentro do clube, vivemos um movimento inverso de definir o que o Náutico busca em um investidor e quais serão os limites e regras desse negócio”, ponderou Becker.

De acordo com ele, o clube ainda não definiu detalhes sobre o modelo de SAF que poderá ser implementado em breve, incluindo questões como as participações societárias.

“Entendo que dificilmente conseguiremos atrair um grande investidor, sem que ele assuma uma cota majoritária no negócio. Em todo caso, buscamos um parceiro que honre a história do clube e garanta a preservação de nossa identidade”, afirmou.