Após enfrentar uma série de problemas financeiros, apelar à recuperação judicial e chegar a ficar sem divisão nacional, o Santa Cruz avança em seu projeto de reconstrução.
O clube, que é um dos mais populares e tradicionais de Pernambuco, foi mais um a aderir ao modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
Neste ano, o Tricolor do Arruda alcançou o vice-campeonato na Série D do Brasileirão, conquistando o acesso à Série C.
Embalado pelos investimentos da SAF, o time sonha grande. Durante sua participação no debate “Futebol Pernambucano em Destaque”, realizado nesta quarta-feira (3) na Confut Nordeste, em Recife (PE), o presidente do Santa Cruz, Bruno Rodrigues, afirmou que a meta da equipe para a temporada 2026 é a conquista do acesso à Série B.
“Também existe algo que é muito caro ao nosso torcedor, que é o Campeonato Pernambucano. Vamos com força total, em busca do título”, disse o dirigente.
Para a próxima temporada, o dirigente projeta uma folha salarial que pode chegar a R$ 2,5 milhões mensais. Para se ter uma ideia, esse valor, a ser implantado pelo Santa Cruz, é o mesmo que será adotado pelo rival Náutico, na disputa a Série B 2026.
“Contaremos com uma das maiores folhas salariais da Série C. Tenho certeza de que vamos brigar pelo acesso”, avaliou Rodrigues.
SAF
A SAF do Santa Cruz está em vias de ter 90% de seu capital vendido à Cobra Coral Participações S.A, liderada por três sócios (pessoas físicas), entre eles Iran Barbosa, que também esteve presente à Confut Nordeste.
Em entrevista à Máquina do Esporte, Rodrigues explicou que o negócio já obteve aprovações no Conselho Deliberativo (96% dos votos) e na Assembleia Geral de Sócios (99% de apoio).
Agora, a proposta será apresentada ao juiz responsável pela recuperação judicial e será submetida aos credores do clube.
Segundo o presidente, as dívidas do Santa Cruz hoje totalizam cerca de R$ 250 milhões, incluindo débitos tributários e trabalhistas.
A proposta da Cobra Coral Participações S.A prevê investimentos de até R$ 1 bilhão, ao longo de 15 anos, e contempla o pagamento dessas dívidas.
“Foi uma proposta excelente, uma das melhores do futebol brasileiro, ainda mais se considerarmos que o Santa Cruz estava sem divisão nacional, quando ela surgiu”, afirmou Rodrigues.
De acordo com Barbosa, além dos investimentos nas equipes de futebol (não só masculino, mas também feminino e categorias de base) e dos recursos que serão destinados para saldar os débitos do clube, a Cobra Coral também assumiu o compromisso de revitalizar o patrimônio do Santa Cruz, caso, por exemplo, do Estádio do Arruda, que deverá passar por uma reforma avaliada em R$ 10 milhões, já no primeiro ano de vigência do contrato.
Na visão de Rodrigues e de Barbosa, as cláusulas existentes no acordo garantirão que os investimentos previstos saiam do papel.
“O contrato tem amarras muito claras. O clube associativo terá o direito de retomar a SAF por R$ 1, caso os investimentos não ocorram”, garantiu Barbosa.
