I apologize that this letter had to be written in Portuguese.
Sua chegada ao futebol brasileiro representa muito para nós, profissionais do esporte, para os torcedores e, claro, para todo o ecossistema do futebol. Ela vai muito além do acordo de gestão com um dos maiores clubes que temos no nosso país. Representa a esperança de que iremos vivenciar uma era de profissionalismo, processos, criação de metas, plano de ação, governabilidade, etc. Em resumo, gestão.
O Case Botafogo que está em suas mãos é um sopro de esperança não só aos alvinegros, mas a toda a comunidade do futebol que torce para que esse modelo se consolide no Brasil.
Isso tudo acontecendo, certamente, teremos cada vez menos política, vaidade, atropelos, falta de alinhamento estratégico e amadorismo.
Nessa semana, no entanto, fui surpreendido com uma notícia que me preocupou.
“John Textor rediscute contratos com patrocinadores do Botafogo e define saída da Volt”
Entendendo um pouquinho de futebol, ouso dizer que 99% dos patrocinadores ficaram sabendo dessa informação pela imprensa. Isso me dá calafrios, porque é amadorismo no estado da arte.
Qualquer processo de mudança, quando necessário, tem como um dos pilares mais importantes a valorização de quem está dentro. Vale citar que as empresas que lá estão apostaram em um Botafogo de Futebol e Regatas na segunda divisão, até mesmo sem expectativa de subida.
O realinhamento das expectativas é necessário? Sem dúvida. O momento do Botafogo é outro, o que faz com que algumas premissas sejam redefinidas? Com certeza.
Meu ponto é a forma como se faz isso.
Com quantos patrocinadores atuais o clube sentou para apresentar o “Novo Botafogo” e, assim, de maneira estratégica e profissional, (re)alinhar o que o senhor espera para os próximos anos?
Essa declaração sua me lembrou um fato recente no Cruzeiro, quando Zezé Perrella criticou publicamente o contrato com a Adidas, uma das maiores empresas esportivas do mundo.
O contrato, mesmo sendo ruim, não dá o direito ao clube de expor o parceiro dessa forma. Até porque um contrato é um acordo bilateral. O patrocinador não impôs aqueles termos.
Isso só descredibiliza o clube, passando uma imagem de desrespeito aos patrocinadores.
Até concordo com a estratégia de escolha de fornecimento do material esportivo visando a comercialização fora do país, mesmo sabendo que você vai se frustrar em algumas etapas desse processo. Mas isso eu aprofundo em uma outra carta.
Por isso, minha expectativa é a de que cada vez mais vejamos iniciativas que nunca (ou raramente) vimos por aqui, e não ações e decisões “top down”, sem nenhum tipo de alinhamento estratégico por trás. Isso é muito comum em clubes que não possuem gestão profissional.
Encerro dizendo que sou um dos maiores entusiastas do seu projeto e que minha expectativa é a de que o Botafogo resgate a representatividade não só no futebol, mas principalmente no peso e na força de uma das maiores marcas do futebol brasileiro.
I wish you and Botafogo the best!
Bernardo Pontes
Bernardo Pontes é sócio na Alob Sports, fundador da SporTeach e escreve mensalmente na Máquina do Esporte