Se eu estivesse na pele de Galvão Bueno e da equipe dele, certamente estaria com sorriso de orelha a orelha. Daqueles que para tirar, só um cirurgião plástico.
Aos 72 anos de idade, o apresentador deixa todo um legado no mundo esportivo pelo tempo que se dedicou às transmissões na Globo.
Aos poucos, foi entendendo como se adequar ao mundo digital e enfim deu o pontapé inicial em seu canal no YouTube.
O canal, em curtíssimo prazo, atingiu a marca de 723 mil inscritos, com apenas 12 vídeos. Essa quantidade de conteúdo gerou – desde 26 de janeiro, quando foi criado – 11 milhões de views.
O conteúdo é o que é: transmissão de jogo de futebol, participação de convidados, formatos conhecidos da TV e do YouTube.
Muito parecido com o que eu vi durante a primeira partida da final do Campeonato Paulista entre Água Santa e Palmeiras. Em determinado momento, estiveram presentes mais de 1 milhão de aparelhos conectados. Sem Galvão, e com o bom e velho futebol.
E se você lembrou do Cazé, vale o mesmo raciocínio. Nada contra o que ele veio fazer no YouTube, muito pelo contrário.
Só fico com a impressão de que esses movimentos resolvem problemas desses personagens (que muitas vezes viram seu espaço na TV diminuir) e do YouTube que precisa se renovar a cada minuto (já que se for a cada dia, pode ser engolido pela plataforma concorrente que está logo ali).
Tem futebol, em seus formatos tradicionais, no YouTube já faz um tempo.
Tem futebol, em novos formatos e empacotamentos, já faz tempo também.
Times como Real Madrid, Corinthians ou Juventus já estão aí faz tempo também. Para você ter ideia, o canal do clube italiano foi criado em 2005, o do clube espanhol em 2006 e o do clube mosqueteiro, 2009.
Isso sem contar gente que vem desde a mesma época como o Desimpedidos ou Copa90.
Desde sempre, pensaram em oferecer aquilo que a TV não oferecia e se conectar com diversas audiências (muitas vezes em diversas línguas) para oferecer algo novo.
Alguns amigos que trabalham na indústria de conteúdo me chamaram atenção de como os conteúdos esportivos da Band tem funcionado bem no YouTube também.
Basicamente, o mesmo sinal que vai para a TV vai para a plataforma de vídeo do Google.
Ruim? Novamente, não. Sábios são eles de estar em telas que seu público está.
Qual meu ponto aqui?
Estar hoje no YouTube, nos formatos que cito, me parece muito mais uma saída ao cenário que a TV parece trazer em termos econômicos, do que inovação propriamente dita.
O modelo de remuneração do YouTube vale a pena? Não tenho dúvidas (para esse tipo de parceiro, para outros…). Mas não nos esqueçamos que o Google abocanha uma boa parte da receita que vem do mercado publicitário.
Que venha Cléber Machado e outros nomes que certamente não se encaixam mais nas estruturas existentes hoje em dia.
Só acho que a luz de tanta coisa interessante, inovadora e diferente que a tecnologia (de vídeo, inclusive) oferece, me parece que estamos comemorando o mercado esportivo de 10 anos atrás.
E o consumidor já tem experiências hoje que eu imaginava ter na próxima década, como o caso da experiência de realidade aumentada que a FIFA fez durante a Copa do Mundo ou que a NHL fez com a Disney.
Alessandro Sassaroli é diretor comercial de gaming na Webedia Brasil e escreve mensalmente na Máquina do Esporte