A NFL é conhecida como a liga que mais fatura com direitos de transmissão em todo o mundo. Em acordos firmados com Amazon, CBS, ESPN/ABC, Fox e NBC até 2033 para transmissão dos jogos nos Estados Unidos, ela fatura cerca de US$ 11 bilhões por ano.
Depois de firmados os principais acordos, a liga surpreendeu o mercado no ano passado ao anunciar um acordo com a Netflix para a transmissão dos jogos de Natal, colocando mais US$ 150 milhões nos cofres.
E aí, quando imaginávamos que não teríamos nenhuma novidade pelo menos até 2029, quando a NFL poderia exercer o direito de antecipar a saída dos seus contratos, a liga surpreendeu novamente e anunciou um acordo com a ESPN que é diferente de um acordo de mídia tradicional. Enquanto a NFL entrega todas as suas plataformas de mídia, a NFL Network, a NFL RedZone e o NFL Fantasy, além de alguns jogos adicionais durante a temporada regular, a ESPN “paga” com uma participação de 10% nos seus negócios.
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A principal liga do mundo foca então no que faz de melhor, que é desenvolver o seu negócio como liga esportiva, enquanto a ESPN traz o seu conhecimento como plataforma de mídia para incrementar os conteúdos nos canais da NFL e buscar, com isso, aumento de faturamento e relevância.
Vale destacar, no entanto, que alguns jornalistas nos Estados Unidos chegaram a levantar um possível conflito de interesses no acordo, pelo fato de que poderia dar uma certa vantagem à Disney quando o momento da renovação dos acordos atuais chegar.
Mercado brasileiro
Mas, enquanto por lá ESPN e NFL são sócias, o movimento da liga aqui no Brasil mostra que a prioridade continua sendo o fomento e o desenvolvimento do esporte em busca de novos fãs em novos mercados, independentemente se isso vier a “ferir” seu principal parceiro e sócio.
As conversas entre a NFL e o Grupo Globo já estavam acontecendo há alguns anos. Em 2024, quando o Brasil passou a ser um dos países a receber um dos jogos internacionais da NFL, os rumores de uma eventual parceria ficaram ainda mais fortes, mas o anúncio mesmo veio apenas na semana passada. A partir da temporada 2025/2026, serão dois jogos de domingo à tarde exibidos nos canais Sportv, além do Thursday Night Football e do Sunday Night Football. E o mais surpreendente é que, agora, Globo e ESPN passam a dividir os direitos do Super Bowl, com cada emissora exibindo a final do campeonato em anos alternados (2026 será do Grupo Globo; 2027, da ESPN).
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GeTV
Na próxima quinta-feira (4), a GeTV, nova plataforma digital do Grupo Globo, iniciará suas transmissões. Um dos destaques da estreia será justamente o “Season Kickoff” (jogo de abertura da temporada da NFL), entre Philadelphia Eagles e Dallas Cowboys. No mesmo dia, a GeTV exibirá o duelo entre Brasil e Chile, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
Depois, no dia seguinte, será a vez de transmitir o NFL São Paulo Game, entre Kansas City Chiefs e Los Angeles Chargers, direto da Neo Química Arena, em São Paulo (SP).
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O futebol deve ser o carro-chefe também da GeTV, mas os esportes de nicho também terão seu espaço, já que, no digital, não há limitação de um canal linear (24 horas por dia / 7 dias por semana). Vôlei, surfe e skate são algumas das modalidades que serão exibidas ao lado da NFL.
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Estratégia
Nos Estados Unidos, a NFL se uniu a um dos principais grupos de mídia do país, se associando diretamente à marca mais forte das transmissões esportivas por lá, a ESPN.
Aqui no Brasil, apesar da força que tem a emissora da Disney, a NFL sabe que, se quiser ampliar sua base de fãs que hoje, de acordo com pesquisas, estaria em 41 milhões de brasileiros, também deve se associar aos grandes e buscar novas audiências onde o seu conteúdo atualmente não chega.
A associação com o Grupo Globo busca justamente isso: uma exposição mais ampla a um público que nunca interagiu com a marca e nunca assistiu a um jogo de futebol americano.
Evandro Figueira é vice-presidente de mídia da IMG na América Latina
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