Nos últimos meses, participei de diversos eventos da indústria esportiva nos quais tive a oportunidade de ouvir, observar e até mesmo falar um pouco sobre o mercado de esportes e inovação. É evidente que a inteligência artificial já está tendo um impacto significativo no mundo esportivo e espera-se que influencie diversos aspectos da indústria no futuro. Há apenas um ano, poucas pessoas conheciam ou compreendiam o termo IA; entretanto, hoje em dia, quase todos têm ao menos uma vaga noção do seu significado.
Resumidamente, na indústria do esporte, existem quatro pontos principais de foco:
Análise de desempenho
Com a ajuda de algoritmos, treinadores e jogadores podem analisar grandes quantidades de dados sobre jogos, adversários e suas próprias performances, identificando pontos fortes e fracos, desenvolver estratégias e tomar decisões informadas em tempo real. Além disso, a análise de dados biomecânicos e o rastreamento dos movimentos dos jogadores auxiliam na prevenção de lesões, identificando quaisquer movimentos que possam ser prejudiciais.
Apostas esportivas
A IA está sendo utilizada para analisar grandes quantidades de dados e fornecer previsões mais precisas nas apostas esportivas. Isso contribui para aumentar a precisão das probabilidades e melhorar a experiência geral dos apostadores. É possível criar modelos preditivos que permitem aos consumidores fazer apostas em tempo real, como as micro-apostas, nas quais os usuários podem apostar no resultado da próxima jogada, arremesso ou resultado, entre outros.
Treinamento e desenvolvimento de habilidades
A forma como os atletas treinam e desenvolvem suas habilidades também está nessa transformação. Por meio de programas de treinamento baseados em IA, os atletas podem receber feedback personalizado e recomendações para aprimorar seu desempenho. Esse tipo de tecnologia já é utilizado há muitos anos por jogadores de golfe e tênis para analisar seu swing ou técnica de saque. No entanto, pouco se fala sobre como a tecnologia e a inovação estão alterando o comportamento dos fãs de esportes e sua experiência de consumo.
Engajamento dos fãs
Costumo dizer que o consumidor esportivo é como uma onda, fluido e adaptável ao ambiente em que se encontra. Essa peça do tabuleiro, tão desejada por todos, muitas vezes deixada de lado quando a indústria discute seus próximos passos. Embora a maioria das empresas e entidades esportivas já esteja realizando conceitos básicos de engajamento, como o uso de chatbots alimentados por IA, distribuição de conteúdo e tecnologia de realidade virtual e aumentada, ainda há muito a ser explorado.
Os chatbots com inteligência artificial podem fornecer atualizações em tempo real sobre os jogos, responder perguntas e oferecer recomendações personalizadas com base nas preferências de cada fã. Além disso, é possível prever e determinar o melhor conteúdo para ser distribuído durante e após os jogos, fornecendo destaques instantaneamente. A introdução da tecnologia de realidade virtual e aumentada também aprimorará a experiência dos torcedores, tornando-a mais imersiva.
No entanto, vivemos em um mundo onde a tecnologia permeia todos os aspectos da vida, inclusive o esporte, e a análise do comportamento dos fãs esportivos. Essa abordagem inovadora pode fornecer insights valiosos para as organizações esportivas, permitindo que aprimorem e personalizem a experiência do espectador de maneiras antes inimagináveis.
O comportamento do fã é intrinsecamente complexo, composto por várias dimensões, desde a frequência com que assistem aos jogos até as interações nas redes sociais e as compras de produtos oficiais. Através da análise desses dados, a IA pode identificar padrões e tendências ocultas, que podem não ser evidentes para a análise humana.
Imagine por um momento a IA vasculhando milhões de postagens em redes sociais para decifrar o sentimento dos fãs em relação a uma partida, um jogador ou até mesmo uma equipe, analisando dados de compras para entender quais produtos são mais populares entre diferentes grupos. Essas informações podem então ser utilizadas para orientar estratégias de marketing e vendas, bem como para patrocínios mais eficientes e eficazes, que sejam mais congruentes com os fãs. Além disso, podem ser traçadas novas estratégias de patrocínio que vão além da mera aparição na TV.
A IA também tem o potencial de prever o comportamento futuro dos fãs. Por exemplo, utilizar dados históricos para prever quais jogos provavelmente terão a maior presença de público. Com isso, as organizações esportivas podem se planejar melhor, otimizando operações e logística, e até mesmo propondo estratégias para atrair público para jogos que, de outra forma, não seriam tão bem-sucedidos.
No entanto, a IA não é uma varinha mágica. Ela é apenas uma ferramenta, e o sucesso de sua aplicação depende de como é utilizada. É crucial que as organizações esportivas a implementem de forma ética e transparente, respeitando a privacidade e os direitos dos fãs. Além disso, a adoção bem-sucedida da IA exige uma estratégia clara e um investimento significativo em infraestrutura de dados. As organizações esportivas que desejam aproveitar ao máximo essas ferramentas precisam garantir que possuem os sistemas e processos necessários para coletar, armazenar e analisar grandes volumes de dados de forma eficiente e segura.
Apesar desses desafios, acredito firmemente que a IA tem o potencial de revolucionar a indústria do esporte, oferecendo insights mais profundos sobre o comportamento dos fãs. Com a ajuda da IA, as organizações esportivas podem proporcionar experiências mais envolventes e personalizadas para seus fãs.
Em conclusão, a inteligência artificial está redefinindo a maneira como entendemos e interagimos no universo esportivo. Ao adotar essa tecnologia, as organizações podem melhorar a experiência dos fãs, tornar suas operações mais eficientes e descobrir novas oportunidades de negócios. A IA está moldando o futuro do esporte, e esse futuro é brilhante.
Precisamos começar a discutir sobre o comportamento dos fãs e como eles irão impactar nossa indústria nos próximos anos. Você acredita que as crianças de 5 a 10 anos de hoje, quando adultas, ainda irão querer assistir jogos e eventos esportivos da mesma forma que nós assistimos hoje?
Siga @fleurysportmkt nas redes sociais ou fernandofleury no LinkedIn para ler mais sobre temas como esse.
Fernando Fleury é CEO da Armatore Market+Science, PhD em Comportamento do Consumo e trabalha com inovação e tecnologia para criar novos modelos de negócios para a indústria com a construção de soluções avançadas e modelos preditivos usando inteligência artificial, aprendizado de máquina e ciência de dados para entender o ciclo de vida dos produtos, criar novos produtos, identificar e rastrear clusters a fim de aumentar a receita, o público e o envolvimento dos fãs, entre outros. Ele escreve mensalmente na Máquina do Esporte.