Governo britânico encaminha criação de órgão regulador para proteger clubes e apoiar torcedores

Atacante brasileiro Gabriel Martinelli é um dos destaques do Arsenal, atual 4º colocado da Premier League - Reprodução / X (@premierleague)

Um novo projeto de lei apresentado ao parlamento inglês obrigará que os clubes de futebol consultem os seus torcedores antes de aumentar o preço dos ingressos. O governo busca criar um órgão regulador independente no futebol do país.

O projeto de lei Governança do Futebol, apresentado no ano passado para tratar de problemas como a sustentabilidade financeira na elite do futebol inglês, foi bastante modificado e reintroduzido ao parlamento no final de outubro.

Uma das principais modificações do novo projeto é a obrigatoriedade de que os clubes proporcionem um engajamento efetivo com seus torcedores em temas relacionados aos estádios, como aumento de preços ou propostas de realocação. O regulador também terá a prerrogativa de obrigar que os clubes escolham democraticamente os representantes de grupos de torcedores que o clube deve envolver antes de tomar decisões.

Em nota oficial, o governo britânico afirmou que “o projeto de lei chega em um momento crítico para o futebol inglês, após a tentativa de separação da Superliga Europeia e uma série de casos de alto perfil de clubes sendo mal administrados financeiramente. Nos últimos anos, vimos o impacto devastador do colapso de clubes como Bury e Macclesfield. Esses casos surgiram como resultado de problemas fundamentais de governança no jogo, que levaram a uma tomada de risco excessiva e imprudente, com muitos clubes vivendo muito além de suas possibilidades”.

Kevin Miles, presidente-executivo da Football Supporters’ Association (FSA) (ou Associação de Torcedores de Futebol, em tradução livre), disse que “o regulador tem o potencial de proteger nossos clubes comunitários históricos e impedir que sejam levados à falência por donos ruins, reequilibrar as finanças do jogo, proteger a herança de todos os clubes, dar aos torcedores uma voz maior na administração do jogo e bloquear qualquer clube nacional de se juntar a uma Superliga Europeia separatista. A FSA apoia de todo coração sua criação”.

Entre muitas atribuições, o órgão regulador também avaliará a saúde financeira, fiscalizará transações, obrigará os clubes a se adequarem a um rigoroso código de governança corporativa e imporá melhorias na igualdade, diversidade e inclusão no ambiente do futebol, além de aprovar futuras aquisições de equipes.

Com a adoção de tais medidas, o governo inglês pretende preservar a tradição das equipes de futebol, evitar que elas sejam retiradas do cerne das comunidades a que pertencem, proteger os clubes de gestões ruins e donos mal-intencionados, e ainda trazer o torcedor para o centro de tomadas de decisões importantes.

Esse movimento de criação de um órgão regulador independente para proteger o futebol inglês, vindo de um mercado onde a adoção do clube-empresa já está completamente maturada e consolidada, pode servir como um alerta de futuros problemas para o Brasil, onde ainda estamos engatinhando na implementação das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs). 

Romulo Macedo é mestre em Gestão da Experiência do Consumidor, especialista em Gestão Esportiva com papéis relevantes em diversos eventos esportivos mundiais e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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