A NBA é reconhecida mundialmente pela cultura inovadora e influência no mercado esportivo. Pode-se afirmar que a liga norte-americana de basquete é uma referência de excelência na gestão esportiva e possui um modelo de negócio capaz de influenciar novos comportamentos de fãs, criar estilos de vida (lifestyle) no basquete, provocar tendências no mercado consumidor, desenvolver novas soluções tecnológicas para aprimorar a performance dos negócios, transformar a produção de conteúdos e os meios de distribuição, globalizar ídolos a partir das quadras e revolucionar todo o ecossistema da modalidade no mundo.
Nessa linha, um dos principais produtos da NBA é o All-Star Game, cuja primeira edição foi realizada em 1951. A reunião dos principais jogadores da liga em um jogo festivo despertou interesse internacional, principalmente a partir dos anos 1980, quando a rivalidade entre o Leste e o Oeste estava representada em grandes atletas que, posteriormente, formaram o Dream Team dos EUA nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992.
O sucesso do NBA All-Star Game influenciou iniciativas em diversos países, entre eles o Brasil, quando, a partir de 2009, a Liga Nacional de Basquete (LNB) realizou a 1ª edição do Jogo das Estrelas da primeira temporada do Novo Basquete Brasil (NBB). Baseado na programação do evento norte-americano, o NBB promoveu os tradicionais Torneios de 3 Pontos e Enterradas, além do jogo entre o time dos atletas brasileiros contra os estrangeiros (Brasil x Mundo). Esse modelo superou as expectativas e atraiu grandes públicos e os principais veículos de comunicação do país.
O Jogo das Estrelas do NBB utilizou o formato de disputa entre Brasil x Mundo por 11 temporadas, até o ano de 2019. Da mesma forma e com muito mais longevidade, a NBA sustentou o conceito de Leste x Oeste até o ano de 2017. Com o propósito de oferecer uma nova experiência para os fãs e os atletas, a NBA mudou o conceito em 2018 para um jogo entre dois times liderados por capitães que formaram suas equipes a partir de uma lista dos atletas mais votados pelo público e pela imprensa (LeBron James, Stephen Curry, Giannis Antetokounmpo e Kevin Durant). O impacto inicial positivo perdeu apelo após alguns anos e, em 2024, a NBA ajustou o modelo, mantendo os capitães, mas voltando ao formato de Leste x Oeste.
Com essa mesma abordagem, o NBB também promoveu uma mudança no conceito do Jogo das Estrelas em 2021 para um minitorneio entre quatro times, liderados por capitães escolhidos pela LNB, com dois jogos de semifinais e a final entre os times vencedores. As equipes foram distribuídas entre brasileiros (Brasil 1 e Brasil 2), estrangeiros (Mundo) e jovens (Novas Estrelas). Esse novo formato teve um resultado imediato surpreendente e se manterá para a edição de 2025, na cidade de Belo Horizonte (MG). A proposta conseguiu reunir o entretenimento das jogadas plásticas com a competitividade fomentada pela rivalidade natural entre os atletas. Essa junção ofereceu aos fãs e aos atletas um ambiente festivo, alegre e combativo. Nesse formato, os jogos foram reduzidos para partidas de 12 minutos, preservando o físico dos atletas e garantindo o dinamismo na disputa das partidas.
Nos últimos dias, notícias em veículos da imprensa esportiva dos Estados Unidos noticiaram um estudo que a NBA está fazendo para adotar um formato similar para a edição do NBA All-Star Game em 2025, promovendo um minitorneio entre quatro equipes. Essa reflexão certamente envolverá atletas, times, parceiros de mídia, patrocinadores e todas as partes interessadas (stakeholders) dessa equação, pois é uma decisão com impactos técnicos, comerciais, promocionais e institucionais.
A NBA é uma entidade inovadora e audaciosa na implantação de novos conceitos e novas ideias, especialmente para ampliar os resultados e o engajamento dos fãs. Se o exemplo do NBB no Brasil puder servir de alguma inspiração, pode-se dizer que vale o teste.
Alvaro Cotta é diretor de marketing da Liga Nacional de Basquete (LNB) e escreve mensalmente na Máquina do Esporte