Nike mostra que futuro do esporte é direto ao consumidor

A divulgação do faturamento bilionário da Nike no segundo trimestre do ano revela não apenas que a estratégia do Grupo SBF para a marca esportiva no Brasil está dando resultado, mas que o modelo de negócios que está sendo adotado na Fisia deve ser replicado para o esporte em geral.

Desde que assumiu a marca da Nike e criou a Fisia, há quase dois anos, o Grupo SBF focou em uma estratégia similar à que fez nascer o colosso Centauro, com a abertura de lojas próprias da Nike em regiões onde a marca ainda tem bastante potencial para crescer.

Mas, além disso, seguindo uma diretriz internacional para a marca, a Fisia aposta cada vez mais no digital para vender diretamente ao consumidor. E isso tem se mostrado a chave para o aumento das vendas da marca neste primeiro semestre de 2022.

É exatamente aí que reside o maior ensinamento da Nike para o mercado esportivo. Não apenas no varejo, mas para modalidades e entidades esportivas. Com o futuro cada vez mais digital, o caminho parece ser sem volta. Ou falamos diretamente com nosso fã e consumidor, ou teremos cada vez mais dificuldade em vender.

Hoje, raras são as entidades esportivas brasileiras que possuem uma estratégia digital bem definida. A maior parte delas usa as redes sociais para produzir conteúdo e engajar o torcedor, mas a iniciativa não passa de marketing institucional, sem ter um propósito de conversão para vendas.

É curioso notar, porém, que a Nike, hoje, sequer tem rede social ativa no Brasil. A marca americana tem seus perfis nas redes, mas são da conta da matriz. Em compensação, influenciadores diversos “vestem” Nike e são os principais vendedores digitais da marca.

O esporte é e deve ser um produtor de conteúdo, mas não pode esquecer que sua essência é vender. Seja produto físico, seja experiência, colecionáveis digitais, não importa. Se quiser estar pronto para se conectar com o fã, o esporte tem de ir além de produzir vídeos divertidos.

Precisamos usar a mentalidade comercial para trabalhar uma estratégia digital para o esporte no Brasil. O modelo de conversar com o fã, mas não converter em vendas, vai ficando ultrapassado. Há 50 anos, a Nike surgiu tentando mudar a forma como as marcas esportivas se relacionavam com o mercado. Aos 50 anos, o resultado da marca americana no Brasil mostra que ela segue apontando qual é o melhor caminho.

Se o esporte não quiser ficar para trás, precisa aprender a falar diretamente com o fã. A fonte de receita mais consistente está aí.

Erich Beting é fundador e CEO da Máquina do Esporte

Sair da versão mobile