Opinião: Procuram-se mulheres para falar de futebol

Já que 44% dos fãs de futebol são mulheres, vamos ouvi-las mais?

Não, este não será um texto para lamentar o enorme abismo ainda presente no mercado do futebol (e do esporte em geral) quando se trata de igualdade de gênero. Mas, sim, para celebrar mais uma conquista para a presença das mulheres no futebol.

Como de hábito, trago um pouco do contexto com alguns dados que vão demonstrando essa evolução que comento.

Há apenas três anos, em 2019, logo após a Copa da Igualdade de Gênero (Copa do Mundo Feminina França 2019), fui convidada pela primeira vez para realizar uma palestra em um grande congresso de futebol. À ocasião, em um evento em que 165 pessoas palestraram e participaram de mesas-redondas, eu e a técnica da seleção brasileira de futebol feminino recém-contratada à época, Pia Sundhage, fomos as únicas mulheres a palestrar no palco principal do evento.

Pia Sundhage, técnica da seleção brasileira, e Mônica Esperidião na BR Futebol Expo
Angélica Souza / Dibradoras

 

É verdade que tinham outras mulheres que subiram a este mesmo palco em mesas-redondas, assim como nas demais salas de cursos que tinham no evento. Eu mesma moderei as demais mesas sobre futebol feminino, e poucas mulheres estavam lá para tratar de temas que não era a categoria feminina do esporte rei.

Neste meio-tempo entre o evento que mencionei e hoje, passamos por um período de pandemia e lockdown. Todos trancados em casa, e os eventos sempre on-line. Durante este período, muitos talentos surgiram, a internet foi palco de pessoas que inovaram na forma de entregar conteúdo, e novos assuntos entraram em pauta. A mulher no esporte foi um deles. Só eu, por exemplo, participei de mais de 20 eventos on-line ao longo de 2020, tratando dos mais diversos temas, não só futebol feminino, mas também alguns em que sou especialista, como marketing esportivo, empreendedorismo no esporte, liderança e diversidade no esporte.

A mudança no mercado tem sido notada por mim e colegas de profissão que, como eu, sempre enxergaram a potência da mulher no esporte, mas não encontravam espaço para colocar isso em prática. 

Vimos movimentos como:

Ale Xavier e Luana Maluf na festa do Manchester City, campeão da Premier League

Minha alegria em vir compartilhar estes dados é ainda maior por saber que isto não é algo passageiro. Os números recordes que apresentei em 2019 como ainda incipientes vêm se repetindo e crescendo. Portanto, fiquem de olho, pois além da Copa América Feminina 2022 ser transmitida na TV aberta pelo SBT e também na TV fechada, pelo Sportv, também terá congresso. Será a 2ª edição do “Fútbol con F de Femenino“, o qual eu terei o prazer de realizar a curadoria.

Agora é a hora de as mulheres brilharem! 

Mônica Esperidião Hasenclever é especialista em gestão e marketing esportivo, cofundadora da WES e escreve mensalmente na Máquina do Esporte, sempre com o propósito de promover a visibilidade da mulher e a inclusão da diversidade em todos os âmbitos e áreas de esporte

Sair da versão mobile