Falar de saúde mental ainda é tabu. E, no futebol, esse silêncio pode ser ainda mais cruel. Vivemos em um ambiente onde mostrar fraqueza é quase um crime, onde o cansaço é confundido com falta de comprometimento, e onde o emocional é ignorado em nome da performance.
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Quem vive o futebol, seja como jogador, treinador, preparador, analista, massagista, administrativo ou dirigente, sabe o quanto o sistema é exaustivo. São rotinas intensas, pouco espaço para descanso, cobrança constante e um medo silencioso de falhar. Soma-se a tudo isso o impacto corrosivo das redes sociais, que criam um verdadeiro tribunal, em que tudo é julgado, muitas vezes de forma desumana.
Ansiedade, burnout, crises de pânico, depressão. Esses nomes estão cada vez mais presentes nas conversas de bastidores, mas, ainda assim, falados em voz baixa. Por quê? Porque admitir que se está mal pode significar perder espaço, confiança ou até mesmo o emprego.
É preciso mudar essa lógica. Precisamos abrir espaço para o cuidado com o próximo e o autocuidado. Falar sobre saúde mental não é um sinal de fraqueza, é um ato de coragem. Buscar ajuda profissional, conversar com pessoas de confiança, colocar limites, identificar gatilhos: tudo isso faz parte do processo.
As entidades, os clubes, as comissões técnicas e os colegas de trabalho precisam estar atentos. A pressão é parte do jogo, mas não pode ser maior que as pessoas que o fazem acontecer.
Casos emblemáticos como os do goleiro Cássio e do técnico Tite, ocorridos recentemente, são mais comuns do que se possa imaginar. Acontecem todo dia. Falo por mim e por muitos que já me confidenciaram.
Estamos todos em campo. E ninguém vence esse jogo sozinho.
Lênin Franco é especialista em marketing esportivo, possui MBA em Gestão de Projetos e trabalha no mercado do futebol desde 2006. Chegou ao Bahia em 2013 como gerente de marketing e, na sequência, passou a comandar o departamento de negócios. Em 2021, chegou ao Botafogo como diretor de negócios e ajudou o clube a se estruturar para a chegada do investidor John Textor. Em 2022, assumiu a diretoria de negócios do Cruzeiro, integrando o time de dirigentes da SAF Cruzeiro. Por fim, em 2023, assumiu as áreas de marketing e comercial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), liderando principalmente a renovação do contrato da Nike com a entidade