Vamos começar tirando o elefante da sala. Se o X (ex-Twitter) for suspenso de vez no Brasil, outra rede ocupará o seu lugar. O “amigo internauta” falar de migrar para o Threads ou o BlueSky antes do corpo esfriar, se é que está morto de verdade, é a prova. “Rei morto, rei posto”. Quem se lembra do Orkut?
Agora, vamos, trazer o elefante para o nosso quintal. O banimento traz, sim, prejuízos para os clubes. Tempo real, memes, conversas, SAC, muita coisa acontecia por lá. E perder esse ponto de contato significa menos fãs, menos engajamento e, consequentemente, números menores para justificar o investimento das marcas no futebol. Também é um lugar a menos para ativações, como o sumiço do Twitter feito pelo Palmeiras para falar sobre crianças desaparecidas.
Enquanto o elefante se desloca, vai passando pelas redes já consolidadas e nos faz pensar na função que podem assumir. O Instagram segue reinando no universo virtual; o Facebook segue vivo, apesar da perda de relevância; o TikTok vem arrebatando milhões de fiéis, principalmente entre as novas gerações; e Pinterest e Snapchat têm sua função e um público menor, porém fiel. Ter opções significa inúmeras possibilidades de ações de marketing e engajamento, como já é feito, mas com a verba do X direcionada para elas. Desde que as marcas entendam a importância do digital, é claro.
Quem coloca dinheiro nas redes sem estratégia pode simplesmente ser desencorajado pelo acontecimento e, assim como foi feito com o ex-Twitter, banir o investimento no social. O que também é conhecido como falta de visão.
Segundo uma matéria recente publicada na revista Forbes, no final de 2022, a plataforma tinha 24 milhões de usuários, número que, em janeiro deste ano, segundo a Snaq, chegava a 22 milhões. Ainda de acordo com a empresa de monitoramento, a rede tem, em média, 9,3 milhões de brasileiros que se configuram como usuários ativos mensais.
A mesma matéria diz que a receita publicitária global foi de US$ 2,5 bilhões em 2023, e o Twitter desempenhou um papel importante para o mercado brasileiro. De acordo com Cristiane Camargo, CEO do IAB Brasil, entidade que trabalha para o desenvolvimento da publicidade digital, o Twitter trouxe cenários bem inovadores a partir do seu lançamento.
Mesmo assim, é possível avaliar que os danos em engajamento com toda certeza são menores do que um bloqueio nas plataformas da Meta, por exemplo. Até certo ponto, o X ainda é considerado uma plataforma nichada, e o número de usuários é prova disso, contando os 113 milhões presentes no Instagram.
A verdade é que um possível fim do X não afetará a relação das pessoas com as redes. Elas continuarão consumindo conteúdos e produtos, interagindo e engajando. Os clubes continuarão criando para o digital, agora com uma rede a menos para gerir e um pouco menos de trabalho para fazer. E as marcas continuarão tendo oportunidades para se relacionar com fãs do futebol e do esporte. Ao que parece, só quem perde é o fã de memes e discussões intermináveis (sérias ou não) que rolavam no X. Azar o deles de perder o brasileiro.
Seja no X presente no primeiro nome de quem desativou a plataforma, seja no X que dá nome à rede social desativada, uma coisa parece inevitável em um futuro próximo: rei morto, rei posto.
Reginaldo Diniz é cofundador e CEO do Grupo End to End e escreve mensalmente na Máquina do Esporte