O futebol brasileiro passa por um momento interessante no que se refere ao mercado de patrocínios.
Primeiro, foi o “boom” das casas de apostas. Agora, com a consolidação e expansão das SAFs, a tendência é de mais um movimento de aumento na estratégia de precificação dos clubes brasileiros.
Isso se dá basicamente pelo fato de que um clube SAF não tem (a princípio) a necessidade de gerar caixa com tanta urgência como os clubes do modelo tradicional.
Um investidor, ao adquirir o direito das propriedades de um clube, terá a capacidade de criar um planejamento de marca que dará a essa instituição a oportunidade de um trabalho a médio e longo prazo. Ou seja, a receita imediata perde a importância e pode até atrapalhar, caso não esteja alinhada com a nova política comercial do clube.
Um exemplo claro que ilustra isso é o americano John Textor no Botafogo. Uma das primeiras iniciativas foi rescindir com todos os patrocinadores, pois não estavam alinhados com a nova política comercial do Glorioso. Cheguei a escrever uma coluna sobre o tema aqui na Máquina.
Os clubes que agora possuem “donos” irão ao mercado em busca de patrocinadores que estejam alinhados com o propósito da instituição. Marcas relevantes e, principalmente, marcas com credibilidade no segmento em que atua.
Temos acompanhado esses movimentos de perto e é notório como a precificação dos clubes SAF aumentou exponencialmente. Consequentemente, isso reflete nos demais clubes, visto que a disputa por títulos pode ser dentro de campo, mas fora dele ninguém gosta de ver seu rival faturando muito mais em receita.
Essa nova onda, somada à já existente realidade da precificação para o segmento de apostas esportivas, em que a escassez de oportunidade fez os clubes aumentarem os preços, estão elevando os patrocínios esportivos a patamares jamais vistos. Resta saber onde isso vai parar.
Aqui na agência, temos feito um mapeamento minucioso justamente para apresentar e ajudar as marcas quando os clubes erram um pouco a mão nessa precificação.
Bernardo Pontes, executivo de marketing com passagens por clubes como Fluminense, Vasco, Cruzeiro, Corinthians e Flamengo, é sócio da Alob Sports, agência especializada em conectar atletas e personalidades esportivas a marcas, também sócio da BP Sports, agência com foco em intermediação e ativação no esporte, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte