EXPECTATIVA: Situação de quem espera a ocorrência de algo, ou sua probabilidade de ocorrência, em determinado momento.
Nada define melhor o que estamos presenciando quando falamos da Liga do Futebol Brasileiro. Assunto recorrente nas discussões de comentaristas esportivos e tema constante nos artigos de diversos colunistas. No entanto, há um fator importante que impede que o assunto saia do ambiente teórico e esquente as discussões de quem trabalha para que a coisa aconteça: a desunião dos clubes, colocando em segundo plano o olhar sobre o fortalecimento do produto como um todo.
Pensando nisso, trago uma provocação baseada em outro esporte. Mais precisamente, uma união de dois antigos “rivais”.
Na última segunda-feira (3), em reportagem da agência Reuters, a World Wrestling Entertainment Inc (WWE), maior entidade de “luta livre”, anunciou sua fusão com o Ultimate Fighting Championship (UFC), franquia mais valiosa de artes marciais mistas (MMA), de propriedade do Grupo Endeavor. Dessa forma, com a soma das duas sob seu controle majoritário, o grupo formará uma nova gigante do entretenimento de capital aberto avaliada em cerca de US$ 21 bilhões. O acordo une dois dos maiores nomes do sportainment (inserção do esporte na indústria do entretenimento) e encerra um processo de venda de meses.
Vale relembrar um capítulo anterior dessa história. Após criar o UFC em 1993, Rorion Gracie acabou vendendo a organização para Dana White e os irmãos Fertitta por US$ 2 milhões em 2001. Em 2016, a WME-IMG liderou um consórcio que comprou a lendária marca de MMA por nada menos que US$ 4 bilhões. Agora, sete anos depois, uma transação multiplica novamente o valor do negócio, dessa vez em cerca de três vezes (US$ 12,1 bilhões), fundindo-se com uma WWE avaliada em US$ 9,3 bilhões.
Ainda de acordo com a reportagem, a WWE, que iniciou uma revisão estratégica em janeiro, atraiu vários compradores em potencial, que fizeram ofertas em dinheiro, mas a empresa enxergou vantagens estratégicas em uma parceria com a Endeavor, já que um acordo com todas as ações era mais atraente devido ao potencial aumento no valor de mercado da entidade combinada, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
As ações da WWE fecharam em queda de 2,1%, a US$ 89,30 na segunda-feira (3), enquanto as ações da Endeavor fecharam em queda de 5,9%, a US$ 22,52. A complexa estrutura de ações do negócio surpreendeu os investidores que esperavam uma transação totalmente em dinheiro, de acordo com analistas e fontes familiarizadas com o assunto. No entanto, desvalorizações podem ocorrer em um momento posterior a fusões deste porte. O valor futuro dirá se a tese combinada parou de pé.
REALIDADE: O que realmente existe; fato real; verdade.
Enquanto isso, o que temos por aqui é o impasse da Liga: as regras de divisão de receitas para cada clube, para que cada um possa se sentir satisfeito ou justiçado. Quem ganha menos quer mais equilíbrio. Quem ganha mais quer mais ainda. Na prática, entre expectativa e realidade, quem gera valor real é quem faz a roda girar e toma as decisões que valem bilhões. Você consegue imaginar o valor da Liga brasileira daqui a 22 anos? Certamente é difícil, mas uma coisa é certa: se você perguntar hoje ao Rorion Gracie se ele se arrepende de ter vendido o UFC, seguramente a resposta será algo como “se eu soubesse o tamanho que isso teria, faria tudo de novo”.
E você, qual é a sua opinião? Até a próxima!
Reginaldo Diniz é cofundador e CEO do Grupo End to End e escreve mensalmente na Máquina do Esporte