Na terça-feira (19), uma notícia agitou o mercado de fusões e aquisições do mundo esportivo. A Fiume Capital e Juggernaut comprou a Thrill One Sports & Entertainment. Traduzindo: a dona do UFC comprou a empresa que organiza, entre outros eventos, a Street League Skateboarding (SLS), que vem se consolidando como a liga oficial do skate olímpico.
Para além dos US$ 300 milhões que serão aportados na aquisição, o que chama a atenção é o fato de que, com o negócio, a Fiume torna-se uma empresa ainda mais poderosa no ramo do entretenimento, com ativos que vão para além de US$ 4 bilhões.
A compra mostra de forma cristalina que o valor do esporte, hoje, está além da competição esportiva.
O que fez a Thrill One ser um ativo respeitado e cobiçado pela Fiume foi a capacidade da empresa de conectar-se com a geração fã de skate. Ao criar a SLS e montar uma série de eventos que desbancou a hegemonia do X Games no mercado mundial, a Thrill One entregou para o mercado uma nova plataforma de conexão com as pessoas.
É aí que está o verdadeiro valor do esporte. Não é mais ter os melhores astros ou os eventos inesquecíveis. A Fórmula 1 vive, hoje, essa transformação de conceito. A percepção de valor da categoria aumentou não só pela competição mais acirrada nas pistas, mas pela transformação do esporte num ponto de conexão com as pessoas para além do fanático.
É essa mudança de conceito que guia a NBA, a NFL, a Champions League, a Premier League e diversas outras ligas pelo mundo. O esporte precisa transbordar a competição para se transformar num ativo que tenha sentido para toda a cadeia envolvida dentro dele.
Abaladíssimo durante a pandemia, o mercado esportivo começa a sair do buraco por meio de fusões e aquisições que vão dando ao negócio um novo sentido. Por aqui, ainda estamos olhando o esporte, na maioria das vezes, do ponto de vista da competição, sem nos preocuparmos em entregar um valor maior de entretenimento ao fã.
Enquanto essa mudança de conceito não vier, continuaremos a olhar com admiração para o que fazem os grandes eventos esportivos mundiais, mas sem entender que o grande segredo deles não é ser um evento esportivo, mas uma plataforma de conexão com o fã que transcende – e muito – o palco da competição.