Considerada uma dos principais patrocinadoras do futebol brasileiro na atualidade, a empresa de apostas Esportes da Sorte possui contratos com oito importantes clubes do país, dos quais cinco são da Série A do Brasileirão: Athletico-PR, Bahia, Corinthians, Grêmio e Palmeiras. Desses, apenas os dois últimos não estampam a logo da plataforma no espaço máster da camisa.
Os outros três clubes patrocinados pela empresa são Ceará, Náutico e Santa Cruz. Todos esses times veem-se em meio a uma saia justa, por conta da Operação Integration, deflagrada nesta quarta-feira (4) pela Polícia Federal (PF), a fim de investigar supostos esquemas de jogos ilegais e lavagem de dinheiro envolvendo empresas de apostas esportivas.
A plataforma é um dos alvos da Operação Integration, que cumpriu mandado de busca e apreensão no apartamento do CEO Darwin Henrique da Silva Filho, localizado em Recife (PE). É fato que, por enquanto, os fatos ainda estão sendo apurados. Mas a situação cria um cenário de incertezas envolvendo essas parcerias.
No caso do Corinthians, por exemplo, o contrato de três anos de duração e avaliado em R$ 309 milhões era visto como a tábua de salvação, após o fracasso do patrocínio com a VaideBet, que deixou o clube em meio a um escândalo envolvendo o pagamento de comissão ao intermediário do patrocínio (fato que não havia sido inicialmente divulgado pela diretoria do clube e que abalou a gestão do presidente Augusto Melo).
A Máquina do Esporte entrou em contato com os clubes hoje patrocinados pelo Esportes da Sorte. Apenas as assessorias de Grêmio e Bahia não retornaram o contato. O posicionamento uníssono pode ser resumido pela nota enviada pelo Athletico-PR:
O Club Athletico Paranaense informa que tomou conhecimento na data de hoje, 4 de setembro, acerca de operação desencadeada pelo Poder Judiciário do Estado de Pernambuco com suposta participação de nosso patrocinador máster, Esportes da Sorte.
Ainda, o clube esclarece que buscará a completa apuração dos fatos junto a empresa e as autoridades antes de qualquer posicionamento.
Nota oficial do Athletico-PR
Aguardar e manter silêncio foi a estratégia adotada pelas direções dos clubes, neste momento delicado. A situação é de fato complexa, já que os contratos de patrocínio, muitas vezes, envolvem quantias milionárias, que pesam nos orçamentos das equipes. Eles também preveem multas de valores substanciais, em caso de rompimento ou de quebra de cláusulas e dispositivos.
O fato de a plataforma ser alvo de uma investigação não significa que ela tenha de fato cometido alguma ilegalidade. Nesse sentido, qualquer palavra mal colocada ou atitude precipitada pode abalar de maneira irreversível a parceria.
Ainda assim, a Máquina do Esporte apurou que ao menos um dos clubes patrocinados pelo Esportes da Sorte já enviou o caso para análise do departamento jurídico, a fim de estudar as medidas legais a serem tomadas.
Incertezas
As incertezas envolvendo o futuro do Esportes da Sorte afetam diretamente o planejamento dos clubes, especialmente aqueles que têm a casa de apostas como principal patrocinadora.
No caso do Corinthians, por exemplo, o dinheiro pago pela marca ajudaria a concretizar uma operação ousada para a contratação do centroavante holandês Memphis Depay, que jogou por times como PSV, Manchester United, Barcelona e Atlético de Madrid e atualmente está sem clube.
Segundo informações do portal Meu Timão, o acordo do Corinthians com o Esportes da Sorte prevê a destinação de um total de R$ 57 milhões para a contratação de um atleta. A ideia seria utilizar esse recurso para garantir o pagamento de 80% do salário do astro holandês, enquanto os 20% restantes seriam custeados por receitas próprias da equipe.
Por enquanto, o noticiário envolvendo a possível vinda do atleta é marcado pela euforia. Resta saber se esse sentimento positivo irá subsistir, na medida em que a Operação Integration tiver seus desdobramentos.
O que diz o Esportes da Sorte
Nesta quarta-feira, o Esportes da Sorte emitiu nota se posicionando a respeito da Operação Integration:
A empresa Esportes da Sorte informa que ainda não teve acesso à decisão judicial que autorizou busca e apreensão em sua sede. Contudo, ressalta que, desde março de 2023, tem prestado todos os esclarecimentos necessários nos autos do inquérito policial em curso, através de diversas petições e documentos apresentados pelo escritório Rigueira, Amorim, Caribé e Leitão – Advocacia Criminal.
As atividades de aposta de cotas fixas da empresa cumprem rigorosamente a Lei n.º 13.756/2018 e a Lei 14.790/2023, com excelência jurídico-regulatória, acompanhamento de auditoria independente e sistema de compliance.
A operação policial será impugnada perante o Juízo competente, demonstrando-se que houve interpretação precipitada e equivocada dos fatos apurados, sem qualquer análise ou consideração dos argumentos já apresentados. Tanto é assim que a autoridade policial não apreendeu qualquer objeto, documento ou equipamento na sede da empresa. A Esportes da Sorte, como sempre esteve, permanece à disposição das autoridades.