Paula reconhece limitações financeiras da CBB e diz que faz o que pode, não o que gostaria

Vice-presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) há um ano e meio, Maria Paula Gonçalves, a Magic Paula, afirmou que as limitações do trabalho na entidade fazem com que não consiga implantar tudo o que gostaria em sua gestão. Primeira mulher a atingir esse cargo na CBB, Paula foi eleita coincidentemente em 8 de março de 2021, no Dia Internacional da Mulher.

Uma das principais estrelas da história do basquete feminino brasileiro, Paula agora enfrenta o desafio de ajudar na gestão do esporte em uma confederação que enfrenta sérios problemas com dívidas.

“Pela situação da entidade, a gente faz o que pode, não o que gostaria, o que acredita que possa fazer. Se não tivesse o Guy, eu nem teria feito na verdade”, disse a ex-jogadora, referindo-se a Guy Peixoto, presidente da CBB.

“O que me motivou a estar aqui é criar um núcleo dentro da confederação para o feminino. A gente está se fortalecendo bastante, com mais treinadoras, mais mulheres. O trabalho é um desafio, mas é prazeroso porque é o que gosto de fazer. É um momento de muito aprendizado para mim”, acrescentou a ex-armadora da seleção brasileira.

Patrocínio e dívidas

Alguns passos foram dados recentemente. No final do mês passado, a CBB anunciou um acordo de patrocínio com o Galera.bet, site de apostas esportivas, em um contrato de nove anos, algo bastante raro em entidades olímpicas.

Outra frente de trabalho é a obtenção de certidões negativas que permitam à CBB voltar a receber diretamente verba da Lei Piva, que destina parte da arrecadação das Loterias Caixa ao esporte olímpico e paralímpico. Com esses documentos, a confederação também poderá voltar a ter acesso à Lei de Incentivo ao Esporte, que destina parte do imposto devido de pessoa física ou jurídica para projetos esportivos.

Segundo Carlos Fontenelle, secretário geral da entidade, a expectativa é que essas certidões sejam obtidas até o final do ano, possibilitando que o trabalho na CBB seja facilitado a partir de 2023.

“Com esse patrocínio, temos que tentar equilibrar as contas. Porque ainda tem processos judiciais da gestão anterior, processos trabalhistas. Temos que tentar negociar. Acho que o grande legado da nossa gestão vai ser deixar a entidade existindo. Porque hoje ela não existe”, declarou a dirigente, referindo-se às dívidas que chegaram a quase R$ 46 milhões quando Peixoto assumiu a entidade, em 2017.

“Isso nos impede muita coisa. De ir atrás de um recurso público e de lei de incentivo”, completou.

Seleção permanente

A limitação de recursos fez com que Paula não conseguisse implantar um de seus projetos, que é a criação da seleção brasileira permanente. A ideia vem do tempo em que ela jogou na Espanha, entre 1989 e 1990. Uma das equipes que disputavam a liga espanhola era a seleção permanente do país.

“Acho que precisamos fazer isso com o Sub-23, com as meninas mais jovens. Porque elas treinam juntas com a mesma filosofia da seleção, com o treinador que esteja na seleção como assistente ou na base. Com isso, elas jogam a liga e adquirem experiência. Mas isso tem um custo. Temos uma nova geração que chega totalmente crua, que vai adquirir experiência tomando pau e não se classificando [para Mundial ou Olimpíada]”, enfatizou Paula.

Outro problema é que, atualmente, a Federação Internacional de Basquete (Fiba) libera as atletas para as seleções às vésperas das competições oficiais, dificultando o trabalho da seleção de conseguir entrosamento.

“Gostaria de ter a seleção mais junta. Hoje, não conseguimos. Na minha época, a gente treinava quatro meses juntas. Hoje, a Fiba dispensa no máximo uma semana antes das competições”, lamentou a dirigente.

*O jornalista viajou a convite da Copa América

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