O futebol brasileiro se beneficia da participação na série de games de futebol Fifa, da EA Sports?

Facilitar a negociação dos direitos de jogadores e times poderia ter impactos muito positivos para todos, em vez do modelo atual de negociação individual - Pixabay

Brasileiros gostam de videogames, brasileiros gostam de esportes, brasileiros gostam de se divertir com jogos, sejam eles na sala de casa com seus amigos, on-line ou em sites para jogadores de cassino. Considerando todos estes fatores, não é absurdo inferir que combinar futebol e videogame é um sucesso, especialmente se lembrarmos da febre que um título pirata gerou na era de ouro do Super Nintendo, o Futebol Brasileiro 96, uma versão hackeada do SuperStar Soccer que contava com times brasileiros atualizados à época e saía na frente da concorrência em terras tupiniquins.

Atualmente, temos a disputa entre o Fifa, da EA Sports, e o eFootball (antigo Pro Evolution Soccer), da Konami. No entanto, no passado, o Futebol Brasileiro 96, da Konami, em sua versão hackeada, certamente atingiu muito mais lares brasileiros (aqui, cabe mencionar que o título da Konami não contava com a licença da Fifa, mas em algum momento os hackers deram um jeito nisso). Por sinal, a autoria do hack atribui-se a um grupo peruano chamado Twin Eagles Group, com um portunhol maluco que marcou quem conseguiu jogar o título à época, mas isso é história para outro texto.

Os tempos mudaram, os gráficos e videogames também, e não é difícil você jogar com seu time e jogadores, tudo licenciando, bonitinho, em um console atual. Ao menos era esse o caso até a EA anunciar que o Fifa 23 não teria Brasileirão e muito menos seleção brasileiras, com todos os jogadores sendo criações genéricas.

Participação brasileira mínima no novo game da EA Sports

Os títulos anteriores da série Fifa contavam com sua própria versão do Brasileirão, aqui conhecida como Liga do Brasil. No Fifa 23, isso mudou, entrando apenas times classificados para as competições da Conmebol e, mesmo assim, com elenco genérico, sem atletas reais.

Anteriormente, os clubes brasileiros negociavam seus direitos por meio da Fifpro (organização representativa a nível mundial para jogadores profissionais de futebol), entidade que lidava diretamente com a EA, mas, com o fim desta parceria, caberia à empresa negociar individualmente com cada clube, um processo custoso e trabalhoso. Foi aí que a Konami viu a brecha e passou a licenciar alguns times mais populares, casos de Flamengo e Corinthians. A questão do licenciamento acabou afetando outros títulos menores, como o Football Manager, que não é mais lançado no país.

Enquanto acordos bilionários são firmados com ligas e times europeus, por aqui reinam burocracia e confusão.

De quem é a culpa?

Pode-se culpar a EA pela falta de times e jogadores brasileiros em seu jogo, mas, se por um lado a própria empresa não foi atrás de licenciar cada time um por um, faltou aos dirigentes brasileiros a visão de que firmar um acordo com ela faria e muito pela imagem do nosso futebol lá fora e também para nós mesmos, afinal, poder jogar com o time do coração direto da sala de casa e tirar uma onda com os amigos em partidas on-line levaria um pouco daquela magia do esporte para dentro dos nossos lares e para as pontas dos nossos dedos.

Claro que também deve-se considerar o que vai além do coração dos torcedores. Jogos como o Fifa 23 têm um alcance gigantesco, que varrem o mundo todo e podem servir de verdadeiras vitrines digitais para clubes e atletas. Ou seja, uma nova forma de atrair negócios.

Facilitar a negociação dos direitos de jogadores e times poderia ter impactos muito positivos para todos, em vez do modelo atual de negociação individual, em que é possível negociar o uso do escudo e do uniforme do time, mas em que cada atleta deve passar por um processo de licenciamento de imagem individual, o que acarreta em grandes dificuldades para as produtoras interessadas e potenciais perdas em geral.

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