A Arábia Saudita, que deve ser a sede da Copa do Mundo de 2034, viu sua candidatura gerar críticas por conta dos problemas do país em relação aos direitos humanos. Em outubro do ano passado, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, já havia postado, em suas redes sociais, que o país do Oriente Médio será o anfitrião da Copa do Mundo daqui dez anos.
Diante do movimento, a Arábia Saudita tem sido acusada de “sportswashing” (“lavagem esportiva”, em tradução livre). A prática consiste na utilização dos esportes para desviar a atenção de práticas escusas ou que atentam contra a dignidade humana como forma de melhorar a reputação de pessoas, organizações ou países.
O país do Oriente Médio é constantemente criticado por conta de suas violações dos direitos humanos, especialmente contra mulheres, membros da comunidade LGBTQIA+, minorias religiosas e dissidentes políticos. Ainda assim, deve ser confirmado pela Fifa como sede do Mundial de 2034 em dezembro, já que é o único candidato.
Hammad Albalawi, presidente-executivo da candidatura da Arábia Saudita, negou as acusações de lavagem esportiva em entrevista à Sky Sports. Segundo ele, o país está dando “passos gigantescos” em reformas sociais.
“Não estamos fazendo isso para virar manchete, estamos fazendo isso pelo nosso povo. Somos uma nação jovem aproveitando essa oportunidade e tirando o melhor proveito dela. Estamos investindo para garantir que os sauditas vivam vidas mais longas e felizes, e isso é algo de que temos muito orgulho”, disse.
O executivo também apontou que a Arábia Saudita estaria disposta a sediar o Mundial sem permitir o consumo de álcool, prática proibida no país. Além disso, indicou o interesse em promover uma edição da Copa do Mundo Feminina, mesmo com as questões levantadas sobre os direitos das mulheres no reino.
Ainda que as críticas caminhem para a lavagem esportiva, a Arábia Saudita defende que a vontade de sediar a Copa do Mundo faz parte da estratégia de diversificação de sua economia, atualmente sustentada majoritariamente pelo petróleo.
Contradições
A Fifa proíbe a discriminação baseada na orientação sexual dos indivíduos. Na Arábia Saudita, porém, relações afetivas entre pessoas do mesmo sexo são estritamente proibidas, sendo punidas com pena de morte.
Mesmo neste cenário, Hammad Albalawi afirmou que todos os visitantes serão respeitados.
“Você será bem-vindo na Arábia Saudita, e esse respeito e boas-vindas são para todos, de todo o mundo. Respeitamos a privacidade de todos os nossos hóspedes. Vimos milhões de hóspedes virem para a Arábia Saudita nos últimos anos”, avaliou.
“Nós já hospedamos mais de 100 eventos esportivos com a presença de mais de 3 milhões de fãs que gostaram da experiência. As pessoas precisam se educar sobre o reino, e a melhor maneira de fazer isso é vir e visitar. Elas encontrarão sauditas hospitaleiros. Gostaríamos muito de receber todos os nossos convidados”, acrescentou.
Investimentos
Nos últimos anos, a Arábia Saudita tem investido grandes quantias de dinheiro para atrair modalidades esportivas. No futebol, tem colecionado grandes nomes do esporte em sua primeira divisão, a Saudi Pro League. Fórmula 1, UFC, tênis e boxe também estão entre esses investimentos.
Além das potenciais candidaturas para sediar grandes eventos esportivos, o Reino receberá a Copa da Ásia de 2027, os Jogos Asiáticos de Inverno de 2029 e os Jogos Asiáticos de 2034.
“Nossas ambições esportivas são maiores e acolheremos todas as oportunidades de participar da organização dos maiores eventos esportivos”, concluiu o presidente-executivo da candidatura do país para sediar a Copa do Mundo de 2034.