A Liga Forte Futebol (LFF) anunciou a finalização de um acordo de venda de 20% dos direitos comerciais de um bloco de times pelos próximos 50 anos com a brasileira Life Capital Partners (LCP) e a norte-americana Serengeti Asset Management.
“Esse investimento estratégico reflete nossa confiança e entusiasmo pelo futebol brasileiro. Estamos orgulhosos de fazer parte dessa jornada para modernizar a gestão dos direitos de mídia e comerciais, e ajudar a tornar o futebol brasileiro uma das principais ligas do mundo”, comentou Joseph LaNasa, fundador e CEO da Serengeti.
Os investidores aportarão R$ 2,3 bilhões nos clubes da LFF pela aquisição desses ativos, que valerão a partir de 2025, quando o atual contrato de TV do Brasileirão chegará ao fim.
“Estamos entusiasmados em fazer parte deste momento de transformação do futebol brasileiro. Acreditamos no enorme potencial dos clubes da LFF e estamos ansiosos para ver o impacto que nosso investimento trará”, afirmou Carlos Gamboa, fundador e membro do conselho da LCP.
O acordo foi aprovado em uma Assembleia Geral Extraordinária realizada nesta sexta-feira (30) na sede da XP Investimentos, em São Paulo (SP).
“A formação do bloco da LFF é um passo fundamental para a redução dos desequilíbrios financeiros que afetam a competitividade do futebol brasileiro, com impactos diretos na qualidade do espetáculo e em sua atratividade comercial”
Mário Bittencourt, presidente do Fluminense
“A partir desse passo decisivo, continuaremos buscando a formação da liga unificada, seguindo as melhores práticas do mercado global. Nossa visão é transformar a liga brasileira em uma das três maiores ligas do mundo e devolver ao futebol do nosso país o brilho que o consagrou”, acrescentou o dirigente.
Mário Bittencourt refere-se ao grupo de 17 clubes que integram a Liga do Futebol Brasileiro (Libra), além de Botafogo e Botafogo-SP, que não estão vinculados a nenhum dos dois blocos de clubes.
Mercado de transferências
Para facilitar investimentos imediatos dos clubes, a XP fará, nos próximos dias, um adiantamento de até R$ 500 milhões para quem assinou o acordo. A liberação do dinheiro não conta com nenhum tipo de freio. Ou seja, esse montante poderá ser gasto pelos clubes como melhor entenderem, incluindo a janela de transferências do meio do ano, que será aberta na próxima segunda-feira (3).
O acordo foi assinado por: ABC, América-MG, Athletico-PR, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Ceará, Chapecoense, Coritiba, CRB, Criciúma, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Juventude, Londrina, Operário-PR, Sport, Tombense e Vila Nova.
Dos 26 clubes da LFF, apenas Internacional, Náutico e Atlético-MG ainda não assinaram o acordo. O clube gaúcho ainda passará por uma aprovação de seu Conselho Deliberativo, em uma assembleia marcada para a próxima segunda-feira (3).
“O Internacional participou da criação da LFF e da construção dos modelos de divisão mais equilibrados, que garantem mais receita e aumentam a competitividade do clube no futebol brasileiro”
Alessandro Barcellos, presidente do Internacional
“Seguindo os ritos internos, levaremos o acordo de investimento para apreciação do Conselho Deliberativo do clube. O fortalecimento da LFF com certeza é o caminho para continuarmos pensando em uma liga única do futebol brasileiro”, completou.
Segundo a Máquina do Esporte apurou, o Atlético-MG, que integra a LFF quase desde o início do movimento, enfrenta um conflito interno para assinar com a Serengeti. O clube está montando sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF) com assessoria financeira do BTG Pactual, que também é intermediário do acordo da Libra com a Mubadala Capital. Há pressões internas contra a adesão ao acordo com a investidora norte-americana.
Já a diretoria do Náutico, que disputa a Série C do Brasileirão em 2023, teria achado o valor oferecido na divisão de receitas baixo.
Bloco comercial
O acordo também selou o compromisso dos clubes da LFF em realizar, em qualquer cenário, a comercialização coletiva de seus direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro a partir de 2025.
Com o compromisso em vigor, a LFF e seus investidores iniciarão imediatamente o planejamento da comercialização dos direitos de transmissão desse bloco comercial de 2025 em diante.
Apenas sete times da Série A estão incluídos neste acordo: Fluminense, Athletico-PR, Coritiba, Goiás, Fortaleza, América-MG e Cuiabá. Não bastasse isso, Coritiba, América-MG e Goiás estão atualmente na zona de rebaixamento. Por outro lado, Vila Nova e Sport, que assinaram o acordo, subiriam para a elite se a Série B terminasse hoje.
A LFF ainda espera atrair outros clubes ao seu acordo. O Botafogo decidiu recentemente se afastar da Libra e negociar seus direitos comerciais de forma independente. Vasco e Cruzeiro, por sua vez, já demonstraram insatisfação em relação à Libra, mas não oficializaram a saída.