A Liga Forte Futebol (LFF) já recebeu propostas de pelo menos dois investidores para a futura liga brasileira, embora o valor das ofertas seja tratado com sigilo pelos dirigentes que integram o movimento. Segundo a Máquina do Esporte apurou, um investidor estaria interessado em comprar parte de uma liga unificada que tivesse a participação dos 40 clubes das Séries A e B.
Outro interessado, porém, não acredita que haverá unificação entre os integrantes da LFF e da Liga do Futebol Brasileiro (Libra). Esta empresa quer apenas os direitos de mídia dos 24 clubes que integram o movimento e, obviamente, oferece um valor menor.
A LFF divulgou uma nota no último domingo (4), dizendo que espera fechar com um investidor nas próximas semanas. O grupo contratou a XP Investimentos para buscar parceiros comerciais para a futura liga.
A iniciativa é uma resposta à Libra, que divulgou, no mês passado, ter aceitado uma proposta da Mubadala Capital, grupo de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), que será investidora dos direitos comerciais da nova liga que será criada.
Dias depois, a LFF se pronunciou em nota, dizendo que não reconhece a proposta da Mubadala Capital nem a venda dos direitos comerciais da liga brasileira sem haver o entendimento entre todos os clubes.
Série B
Uma das preocupações da LFF no momento é com o novo contrato de TV para a Série B do Brasileirão. O atual compromisso, com o Grupo Globo, foi encerrado nesta temporada.
Por enquanto, os clubes avaliam que não apareceu nenhuma proposta atraente. A Globo ofereceu um valor inferior ao que pagou em 2022. A justificativa da emissora é que, no ano que vem, a competição será menos atraente por não contar com nenhum dos chamados times grandes do país. Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Bahia subiram para a Série A nesta temporada.
Para muitos integrantes do movimento, a incapacidade de a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) conquistar um bom contrato pode se dever a dois fatores: incompetência da entidade em negociar ou ação proposital, para fragilizar financeiramente os times da segunda divisão, que conta com 11 clubes que integram a Forte Futebol.
Para discutir o assunto, os times pediram uma reunião com Ednaldo Rodrigues, tão logo o presidente da CBF retorne do Catar, onde acompanha a participação da seleção brasileira na Copa do Mundo.
Assédio
Alguns dirigentes contaram que houve assédio individual a clubes da LFF por representantes da Libra. Por enquanto, esta ação não atraiu nenhum novo representante para a outra liga. O Sampaio Corrêa divulgou, na semana passada, um comunicado oficializando sua saída da Forte Futebol alegando que não há perspectiva de entendimento entre LFF e Libra. Porém, não aderiu ao outro grupo, ao menos por enquanto.
Outros clubes permanecem neutros. O Bahia decidirá sua situação nas próximas semanas. O clube realizou votação no último sábado (3) para criar sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e autorizar a venda de 90% dela ao City Football Group. Guilherme Bellintani, presidente do Bahia, tem dialogado com os dois lados, mas ainda não confirmou adesão a ninguém.
Já ABC e Botafogo-SP, que subiram da Série C para a Série B neste ano, também não oficializaram participação na Libra ou na LFF. A tendência entre os clubes do Nordeste tem sido aderir à LFF, enquanto os times do interior paulista costumam fechar com a Libra.
Divisão
Atualmente, a Libra conta com a adesão de 16 clubes, sendo 10 da Série A (Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo e Vasco) e 6 da Série B (Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Ponte Preta e Vitória).
Já a LFF conta com 24 agremiações, sendo 9 times da divisão de elite (América-MG, Athletico-PR, Atlético-MG, Coritiba, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás e Internacional), 11 clubes da Série B (Atlético-GO, Avaí, Ceará, Chapecoense, CRB, Criciúma, Juventude, Londrina, Sport, Tombense e Vila Nova), além das 4 equipes que caíram neste ano para a Série C (Brusque, CSA, Náutico e Operário-PR).
Série C
Um outro movimento dentro da LFF é a tentativa de atrair os times da Série C. A ideia não é apenas manter proximidade com os quatro integrantes do grupo que caíram da segunda para a terceira divisão. A LFF pretende atrair os demais clubes que integrarão o campeonato em 2023, sem distinção entre times mais tradicionais, como Remo, Paysandu e Figueirense, e equipes com ascensão mais recente, como Amazonas e Manaus.
Para conquistar novos adeptos, a LFF propõe que 2% do montante a ser arrecadado com direitos de TV e patrocínios da futura liga sejam destinados aos times da Série C. Essa porção viria dos 20% que o grupo defende que fiquem com as equipes da Série B, que passariam a ter direito, assim, a uma parcela de 18%. A elite ficaria com os 80% restantes.
Essa é uma das principais divergências entre LFF e Libra, que quer que 85% fique com os times da Série A e 15% seja destinados aos clubes da Série B.
A ideia da LFF de destinar 2% da arrecadação para a Série C é inusitada. Caso a liga unificada vingue, ela será responsável por negociar os direitos das Séries A e B. Ou seja, ajudaria os times da terceira divisão, mesmo não tendo nenhuma prerrogativa para negociar patrocínios a esse campeonato, que continuaria sendo organizado pela CBF.