O Itaú promoveu, nesta terça-feira (27), no amistoso diante da Tunísia, no Estádio Parque dos Príncipes, em Paris, uma ação contra o racismo. Os jogadores da seleção entraram em campo com uma faixa com os dizeres “Sem nossos jogadores negros, não teríamos estrelas na nossa camisa” e ainda a frase “A seleção brasileira é contra o racismo”.
Para completar, no agasalho dos atletas na ida do vestiário para o campo e no momento do hino nacional, as cinco estrelas que simbolizam o pentacampeonato mundial ficaram cobertas por uma tarja, justamente para argumentar que elas não estariam ali, caso não fossem os jogadores negros que vestiram a camisa da seleção nacional. Foi a primeira vez desde 1958 que o hino brasileiro tocou sem nenhuma estrela acima do escudo.
Em São Paulo, o banco também aproveitou para realizar a ação no boteco São Cristóvão, todo decorado com referências ao futebol, no bairro da Vila Madalena, na zona oeste da capital paulista. Alguns convidados receberam a mesma camisa usada pelos jogadores na vitória sobre os tunisianos por 5 a 1, também com as estrelas cobertas.
“Essa ação quer deixar clara a relevância dos atletas brasileiros negros na construção da história da seleção e do futebol mundial. É um recado para o mundo, um protesto que queremos que sirva para ajudar na conscientização das pessoas”, afirmou Pâmela Vaiano, superintendente de comunicação do Itaú, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, que esteve presente no evento.
A ação também foi estendida para o digital. Durante a entrada da seleção em campo em Paris, os avatares do Itaú nas redes sociais foram trocados pela imagem da campanha sem estrelas para estimular as conversas sobre o tema também no ambiente virtual. O objetivo foi levantar um debate importante sobre a gravidade das ações racistas no universo do esporte mais amado pelos brasileiros e ressaltar que a força do país está na diversidade.
“Em parceria com a CBF [Confederação Brasileira de Futebol], estamos muito atentos às manifestações racistas contra brasileiros na Europa. E não tem como o futebol não promover a diversidade, ainda mais com a aproximação da Copa do Mundo, época perfeita para passar recados importantes”, contou Pâmela.
Patrocinador da seleção brasileira desde 2008, o Itaú renovou o contrato com a CBF no mês passado e manterá o relacionamento pelo menos até 2026. O acordo é válido para as seleções principais masculina e feminina, além das categorias de base e os e-Sports. Nos próximos quatro anos, a ideia é “continuar a conversa” iniciada no amistoso diante da Tunísia.
“Ao longo do contrato, queremos ressaltar bastante temas como a diversidade, a inclusão e a luta antirracista”, resumiu a superintendente de comunicação do banco.
Apesar da ação, a nota triste da partida em Paris foi justamente um ato racista contra os jogadores brasileiros. Na comemoração do segundo gol do time comandado por Tite, marcado por Richarlison, duas bananas foram jogadas na direção dos atletas.
O ato, no entanto, não servirá para esmorecer o que o banco pretende fazer nas próximas semanas, meses e anos, o que englobará, inclusive, a Copa do Mundo Feminina, que será disputada em um espaço de tempo bem curto em relação à dos homens, com apenas sete meses de diferença. Enquanto a final no Catar será em 18 de dezembro de 2022, a abertura do Mundial Feminino na Austrália e Nova Zelândia está marcada para 20 de julho de 2023.
“Temos um planejamento bem ambicioso. Esta Copa Masculina é muito significativa, por ser a primeira pós-pandemia e também por estar muito próxima à Copa Feminina do ano que vem. Teremos muita coisa boa nos próximos meses”, prometeu Pâmela.