A lesão de Neymar, além de prejuízo técnico ao time do Al-Hilal, atual líder da Liga Saudita, gerará um rombo nas contas do clube. O prejuízo da equipe ficará entre € 80 milhões e € 106,6 milhões (de R$ 426,3 milhões a R$ 568 milhões, na cotação atual) só com pagamento de salários, no período em que não contará com o brasileiro em campo.
O time contratou o ex-atacante do PSG pagando € 160 milhões (R$ 852,6 milhões) por temporada. O brasileiro é dono do terceiro maior salário da Liga Saudita, atrás apenas dos ganhos de Cristiano Ronaldo (Al-Nassr) e Karim Benzema (Al-Ittihad), que recebem € 200 milhões (R$ 1,065 bilhão) por ano. Além disso, o Al-Hilal pagou mais € 90 milhões ao PSG pelos direitos federativos de Neymar. À época, ele se tornou o jogador que mais movimentou dinheiro na história do futebol.
“Há um prejuízo financeiro, mas também de imagem do Al-Hilal e da Liga Saudita, que não contará com Neymar como atração. É o principal atleta do clube”, analisou Ary Rocco Júnior, professor da área de gestão esportiva da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP).
Lesão
Neymar sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) e do menisco do joelho esquerdo logo após o Brasil levar o primeiro gol do Uruguai, em jogo pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, nesta terça-feira (17), em Montevidéu.
A confirmação da lesão foi divulgada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na tarde desta quarta-feira (18). O departamento médico da seleção brasileira, sob a supervisão do médico Rodrigo Lasmar, em conjunto com o do Al-Hilal, já conversam sobre como será o tratamento do atleta, que terá que passar por cirurgia. Normalmente, o período de recuperação de uma lesão dessas fica entre 6 e 8 meses.
Para especialistas, as seguidas lesões de Neymar também prejudicarão sua imagem pública, já que não consegue atuar em alto nível por uma temporada inteira.
“Quando olhamos astros como Messi e Cristiano Ronaldo, ambos ainda estão entregando muito em campo. Os dois fizeram gols na última Data Fifa. São mais velhos e entregam uma performance melhor do que a dele. Fica a imagem de que o Neymar é um atleta que se machuca muito. Há prejuízo à própria imagem do Neymar”, ponderou Rocco Júnior.
Segundo o ranking dos atletas mais comercializáveis do mundo, divulgado nesta terça-feira (17) pelo site britânico SportsPro, Lionel Messi é o líder do ranking. Já Cristiano Ronaldo é o 27º colocado, após liderar a classificação no ano passado. Neymar aparece em 31º lugar. Sua ausência em campo durante boa parte da temporada e o fato de não jogar mais em uma grande liga europeia, com alcance e visibilidade maior do que o Sauditão, são fatores que prejudicarão o atacante brasileiro ainda mais.
Redes sociais
As redes sociais do Al-Hilal são outro ativo que terá crescimento limitado com a ausência de um nome tão midiático como Neymar em campo. O jogador já havia ajudado bastante no crescimento digital do PSG durante o período de seis anos em que atuou pelo clube francês.
“O Al-Hilal será prejudicado nisso, já que Neymar é um nome de exposição global, que atrairia muitos fãs para as redes sociais do clube”, apontou Rocco Júnior.
Como comparativo, as plataformas digitais do PSG cresceram ao menos 200% nos seis anos em que o time francês contou com a presença do brasileiro. Lógico que não dá para colocar esse impulso exclusivamente na conta de Neymar, já que no período houve a conquista de títulos e a presença de outros astros globais no elenco, como o próprio Lionel Messi e também Kylian Mbappé.
O Instagram foi a rede social em que o PSG mais conquistou adeptos. O time possuía 8,2 milhões de fãs na época em que o brasileiro foi anunciado. No dia em que o clube divulgou o post de agradecimento pelos serviços prestados pelo atacante, oficializando sua saída para o Al-Hilal, a equipe já tinha 66,7 milhões de seguidores. Ou seja, em seis anos de relação, houve um aumento de 713,4%.
No Twitter, a conta oficial do clube contava com 4,6 milhões de seguidores em 2017. Com Neymar, atingiu 14,6 milhões. Houve um crescimento de 217,4% nesse período.
No Al-Hilal, por sua vez, a exposição de Neymar foi bastante limitada até aqui. O brasileiro atuou em apenas quatro jogos oficiais do time saudita, sendo que em um saiu do banco de reservas. Ele marcou apenas um gol em sua nova equipe.