O imbróglio entre a Portuguesa e o grupo de investidores que assumiu a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube está próximo de ser resolvido. O presidente da Assembleia Geral do clube, Marcos Rogério Lico, retificou a ata da Assembleia convocada em novembro, que aprovou a aquisição da SAF da equipe por um consórcio de investidores formado por Tauá Partners, XP Investimentos e Real Estate Venues & Entertainment Participações (Revee).
Pelo acordo, esse grupo assumiu 80% das ações da Portuguesa SAF, enquanto o clube associado permanecerá com 20%. A homologação do acordo também garante a aprovação da recuperação judicial da Portuguesa, cujo montante chega a R$ 550 milhões.
A confusão começou quando Lico exigiu que a venda da SAF, que já havia sido aprovada pelo Conselho Deliberativo e pela Assembleia de Sócios, retornasse ao Conselho de Orientação e Fiscalização (COF) para reexaminar o caso.
Quando a proposta foi submetida à diretoria do clube associativo, o documento já havia sido encaminhado ao COF, que é um conselho consultivo e não tem poder de veto. O COF, por sua vez, havia apresentado algumas ressalvas ao negócio.
COF
Os investidores afirmam que já tinham resolvido essas ponderações. Para Lico, porém, ainda haveria a necessidade de uma nova aprovação do COF. Diante da ameaça da Tauá deixar o negócio, o dirigente cedeu à pressão e corrigiu a ata da Assembleia à qual a Máquina do Esporte teve acesso (veja reprodução abaixo).
O documento original relatava a aprovação da SAF por 158 votos a favor e 26 contra, mas fazia uma observação: “Encaminho ao COF, para analisar a proposta final, verificando se foram atendidas as ressalvas constantes do parecer do COF aprovadas por unanimidade pelo conselho deliberativo, para ser homologado pela Assembleia Geral”.
Esse trecho do documento foi retirado. Para que o imbróglio seja totalmente resolvido, o relatório será registrado em cartório e homologado na Federação Paulista de Futebol (FPF).
“Resolvemos essa questão da melhor maneira possível, respeitando a vontade dos sócios e associados da Portuguesa, além, é claro, da torcida, que desde o início do projeto nos apoiou”, afirmou Alex Bourgeois, sócio-investidor e presidente da Portuguesa SAF.

Prêmios e cotas
Sem a inscrição na FPF e na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a SAF da Portuguesa ficou impedida de receber cotas de participação e premiação em competições. As contratações para o Paulistão, por exemplo, tiveram que ser registradas pelo clube associativo.
A insegurança jurídica havia levado a Tauá a ameaçar deixar o negócio, além de processar a Portuguesa por conta de, segundo a empresa, já terem sido investidos R$ 100 milhões no clube.
O aporte prometido para o futebol em 2025 havia sido de R$ 30 milhões. No entanto, o consórcio de empresas também já havia fechado o Estádio do Canindé para reformas, prometendo reinaugurar um espaço multiúso no local. O montante do investimento prometido chega a R$ 1 bilhão.