Maquinistas: EMW Global mira expansão para o mercado da América Latina

Michael Rocha-Keys é CEO da agência de marketing esportivo e entretenimento EMW Global - Reprodução / YouTube (@maquinadoesporte)

Michael Rocha-Keys tem parte de suas raízes no Brasil. A parte “rochosa” de seu nome está fincada justamente no Nordeste e teve origem com sua avó, nascida na Bahia. Já o Keys vem do Reino Unido, país que conquistou territórios em todos os hemisférios do planeta, tendo construído um império no início do século passado onde o sol jamais se punha.

Com esta origem cosmopolita, Michael acabou construindo uma trajetória profissional que alcança diferentes partes do globo. Fundador e CEO da agência de agência de marketing esportivo e entretenimento EMW Global, presente em mercados como China, Reino Unido e Brasil, ele foi o entrevistado desta terça-feira (26) do podcast Maquinistas, da Máquina do Esporte.

Na conversa com Erich Beting e Gheorge Rodriguez, o executivo contou um pouco sobre sua trajetória e os planos da EMW Global, que busca expandir sua atuação no planeta.

Trajetória profissional

Na entrevista, o executivo explicou sua relação com o Brasil.

“Minha mãe é brasileira, originalmente de São Paulo. A minha avó é de Salvador, na Bahia. E daí veio o Rocha da parte do meu nome que é Rocha-Keys. O Keys é a parte britânica, e o Rocha é a parte brasileira, e eu sempre tive este link com o Brasil. Desde criança, sempre falei que eu sou britânico com coração brasileiro”, disse.

Com raízes fincadas em dois continentes, Michael Rocha-Keys olhou para o outro lado do mundo na hora de iniciar seu empreendimento.

“Quando fundei a empresa, eu estava baseado, na China, primeiro em Hong Kong e depois em Xangai. Ao abrir uma nova empresa, você sempre tem que olhar o mercado e para as coisas que estão faltando em termos de serviço e atendimento. Falamos em inglês: ‘Gaps in the market’. E daí eu enxerguei o gap e vi uma oportunidade para ajudar marcas da Ásia, principalmente da China, para ajudar a levá-los aos mercados internacionais da Europa, América Latina e Brasil”, afirmou.

Apesar de imenso, o mercado da China tinha suas restrições, que forçavam as empresas a buscarem a expansão para outras localidades.

“Foi uma questão de timing mesmo. Quando eu estava na China, um dos nossos clientes maiores era a rede social Kwai, na China chamada de Kuaishou. Eles estavam querendo entrar no mercado latino-americano, principalmente no Brasil, e nós tivemos a sorte, e a confiança deles, para ajudar a trazê-los e achar formas de crescer a plataforma deles na América Latina. E daí foi indo, né?”, explicou.

Expansão

A experiência da EMW foi construída em um mercado em que redes sociais como YouTube, Instagram e Facebook não são as predominantes. Foi a partir desse desafio de unir o Oriente ao Ocidente que surgiu o nome da empresa, sigla criada a partir da expressão em inglês “East Meets West”.

A sede da empresa está em Xangai. Mais recentemente, ela passou a contar também com um escritório no Brasil.

“O escritório do Brasil é um hub criativo, que nos permite atrair talentos, não só do mercado de marketing esportivo, mas também de jogadores que vamos representando e mesmo clubes ou a CBF [Confederação Brasileira de Futebol], com quem já fizemos vários negócios com a seleção brasileira“, disse Michael.

Segundo o executivo, quando o assunto é expansão, a empresa mira alguns mercados globais importantes, entre eles Estados Unidos e Oriente Médio.

“Mas acho que a EMW está numa fase mais de consolidação do que expansão, porque nós temos base já em lugares importantes, com clientes importantes e projetos importantes. Agora é mais uma forma de consolidar e trazer boas pessoas, para depois crescer dentro dos mercados atuais em que nós estamos trabalhando, que é a América Latina, a partir do Brasil”, revelou.

Desafios do mercado chinês

Michael Rocha-Keys também comentou sobre a dificuldade de se trabalhar com as redes sociais em um mercado cuja cultura é distinta da ocidental.

“O processo de trazer um jogador para abrir rede lá é um pouquinho mais complicado. Para abrir um perfil oficial em uma das plataformas lá, precisa de vídeo específico, precisa de uns três ou quatro documentos assinados por jogadores, dando autorização para abrir as contas. É um processo que demora no mínimo duas, três, quatro semanas, até estar tudo certo, e não é só uma plataforma. E daí tem um regulamento ainda mais rígido do conteúdo que pode ser postado, porque tem que ser somente futebol, não pode ter nada que tenha uma inclinação política ou religiosa. Existe uma rigidez e um controle muito maior”, explicou.

Objetivos no mercado brasileiro

Durante a entrevista ao Maquinistas, Michael Rocha-Keys pontuou dois objetivos principais da empresa, atuando no mercado brasileiro.

“Eu acho que primeiro é trazer oportunidades e tecnologias que nós aprendemos em vários mercados diferentes, na Ásia, China, Europa, Estados Unidos. E, ao mesmo tempo, tentar atrair os maiores talentos criativos do Brasil para, juntos, criarmos campanhas diferentes. E foi justamente isso que fizemos com a Sportingbet [na final da Copa Libertadores, com um bar temático instalado no Rio de Janeiro]”, destacou.

Ele também falou sobre a importância do futebol brasileiro profissionalizar sua estrutura, de modo a se tornar competitivo globalmente.

“Eu acho que organização, estrutura, é uma coisa que a Europa, na verdade, já está muito, muito à frente do Brasil. Mas é uma coisa que demora muito tempo e precisa de organização, precisa de regulamentação. Eu acho que o Brasil está passando por isso nesse momento. Então, eu acho que o Brasil pode olhar para a Europa e ver como é que os clubes estão estruturados, a forma que eles contratam, a forma como eles vendem os jogadores. Eu acho que tem muito para aprender com a Europa, de uma forma positiva”, enfatizou.

Assista abaixo à entrevista completa de Michael Rocha-Keys, CEO da EMW Global, transmitida no canal da Máquina do Esporte no YouTube:

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