Especial NFL: Liga que movimenta bilhões inicia temporada cada vez mais internacional

Dallas Cowboys

Dallas Cowboys, de uniforme azul, é avaliado em US$ 9,2 bilhões - Reprodução / X (@dallascowboys)

A temporada 2023/2024 da National Football League (NFL), a liga profissional de futebol americano dos Estados Unidos, inicia-se nesta quinta-feira (7), com a partida entre Kansas City Chiefs, atual campeão, e Detroit Lions, a partir das 21h30 (horário de Brasília), com transmissão ao vivo no Brasil pela ESPN e pelo Star+. Já o Super Bowl LVIII, a grande decisão do campeonato, será no dia 11 de fevereiro do ano que vem.

Maior competição esportiva do país mais rico do planeta, a NFL movimenta bilhões e está cada vez mais internacional. Desde o ano passado, a liga, que já vinha organizando partidas no Reino Unido, passou a realizar jogos de sua temporada regular também na Alemanha.

O confronto de estreia da NFL em solo alemão foi entre Tampa Bay Buccaneers e Seattle Seahawks, na Allianz Arena, em Munique. Para este ano, o país europeu já garantiu outras duas partidas da liga norte-americana.

O Deutsche Bank Park, do Eintracht Frankfurt, que disputa a Bundesliga e é o atual campeão da Europa League, receberá Miami Dolphins x Kansas City Chiefs, em 5 de novembro, e Indianapolis Colts x New England Patriots, em 12 de novembro.

Mercado brasileiro

No início deste mês, a NFL fechou um acordo com a XP para o segmento financeiro no mercado brasileiro. Na semana passada, causou burburinho a visita de oficiais da liga a estádios pelo Brasil (Maracanã e Nilton Santos, no Rio de Janeiro; e Allianz Parque, Neo Química Arena e Morumbi, em São Paulo). A ideia é que algum desses locais possa abrigar partidas da NFL no futuro. No entanto, ainda não há nenhuma data oficializada nesse sentido.

Na verdade, essa hipótese de trazer jogos para o Brasil já vem sendo estudada pela NFL desde 2019. Na época em que a história surgiu, o favorito para receber a competição de futebol americano era o estádio do Corinthians.

Em fevereiro deste ano, a liga realizou, em São Paulo (SP), o seu primeiro evento oficial no país, justamente na semana do último Super Bowl. Batizada de “NFL in Brasa”, a ativação reuniu experiências esportivas, gastronomia e shows musicais, além da transmissão da decisão.

Um estudo divulgado no início deste ano e realizado pela plataforma de gerenciamento de visibilidade on-line Semrush mostrou que, apenas em setembro do ano passado, no início da temporada 2022/2023, 1,5 milhão de brasileiros buscaram pelo termo “NFL” na internet, um aumento de 50% em relação ao mesmo período de 2019. Na média mensal, a liga de futebol americano registrou 718 mil pesquisas no país, atingindo a 7ª posição entre as principais competições esportivas mundiais.

Outro dado que demonstra a força da NFL no território brasileiro é que o perfil da liga voltado ao país no TikTok alcançou 1 milhão de seguidores em maio deste ano. Dados do Ibope Repucom indicam que a competição de futebol americano tem 35 milhões de fãs declarados no Brasil, o que já representa, ao lado da Alemanha, o segundo mercado que mais demonstra interesse pela competição.

Direitos de transmissão

Quem acompanha o noticiário sobre o futebol brasileiro certamente já deve estar familiarizado com o noticiário sobre as negociações envolvendo as tentativas de criação de uma liga nacional desse esporte no país.

A discussão envolve aportes feitos por grandes grupos de investidores, que tentam abocanhar uma parcela dos direitos comerciais dos clubes brasileiros, em especial os direitos de transmissão.

O Cruzeiro, por exemplo, receberá R$ 212 milhões pelo contrato que entrega à norte-americana Serengeti Asset Management e à brasileira Life Capital Partners (LCP) 20% de seus direitos comerciais e de transmissão pelos próximos 50 anos. A quantia pode encher os olhos de dirigentes e torcedores desavisados, mas não chega nem perto do volume de dinheiro que o esporte pode de fato gerar.

Na NFL, apenas a Apple pagará anualmente mais do que o dobro (exatos US$ 2 bilhões) do valor oferecido pelo fundo Mubadala Capital (cerca de US$ 900 milhões), em troca de 12,5% dos direitos comerciais dos clubes que integram a Liga do Futebol Brasileiro (Libra), que reúne alguns dos times de maior torcida do Brasil, como Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras, pelas próximas cinco décadas.

Os direitos de transmissão da NFL, que tem 32 times, movimentam US$ 12,7 bilhões ao ano (o equivalente a pouco mais de R$ 63 bilhões, na cotação atual), somente nos Estados Unidos. No mercado doméstico, os contratos adotados costumam ter duração de 11 anos e contam com a presença de diversos grupos de mídia, que atuam em diferentes plataformas. Além da Apple, transmitem a competição empresas como Google, NBC, CBS, Fox, Amazon e ESPN. Os acordos de exibição totalizam um valor global de US$ 113 bilhões.

Essa soma não leva em conta os contratos internacionais da NFL. Em fevereiro deste ano, por exemplo, o DAZN firmou um acordo de distribuição do NFL Game Pass, que é o serviço de pay-per-view da liga. A parceria será válida por dez anos, e a plataforma de streaming esportivo pagará US$ 1 bilhão (US$ 100 milhões por temporada) pelo direito de explorar esse conteúdo em cerca de 200 países.

No Brasil, a temporada 2023/2024 da NFL será transmitida por ESPN (TV fechada), Star+ (streaming) e RedeTV! (TV aberta). O canal do Grupo Disney já exibe a competição há mais de 20 anos e terá 130 partidas ao vivo, incluindo o Super Bowl.

No caso da RedeTV!, o contrato foi firmado no ano passado, trazendo a NFL de volta ao sinal aberto depois de 20 anos longe do público brasileiro. O acordo ficará em vigor até 2025.

Faturamento

Em termos de receita e faturamento, os times da NFL também movimentam cifras bilionárias. A franquia mais valiosa é o Dallas Cowboys, cujo valor de mercado é avaliado em US$ 9,2 bilhões, de acordo com um levantamento feito pelo portal norte-americano Sportico. A equipe do Texas obteve um faturamento de US$ 1,1 bilhão e receitas operacionais de US$ 504 milhões na última temporada.

Para se se ter uma ideia do que isso representa, basta comparar com a equipe de futebol que lidera o ranking da revista Forbes, divulgado neste ano. O Real Madrid, da Espanha, aparece na lista avaliado em pouco mais de US$ 6 bilhões, US$ 3,2 bilhões a menos que o Dallas Cowboys. As receitas do clube espanhol, por sua vez, foram US$ 400 milhões menores que as da franquia texana da NFL.

Nesta temporada, o time menos valioso da NFL será o Cincinnati Bengals, cotado em “apenas” US$ 4 bilhões. De acordo com a Forbes, isso representa quase o triplo do valor de mercado do Milan, avaliado em US$ 1,4 bilhão.

Patrocínios

Os patrocínios são outra fonte de receita importante para as equipes da NFL. Na temporada 2022/2023, eles movimentaram US$ 1,88 bilhão, o que representa um aumento de 12% em comparação aos US$ 1,81 bilhão registrados na temporada anterior.

De um modo geral, as marcas de tecnologia são as que mais investem em aportes na NFL. Outro segmento que se destaca é o de apostas esportivas, que aparece à frente das cervejas.

Atualmente, 25 equipes são patrocinadas por casas de apostas. Na última temporada, a quantia faturada pelos times da NFL em acordos com empresas do setor aumentou 40%. A própria liga é patrocinada por marcas que atuam nesse ramo de atividade, como DraftKings, FanDuel e Caesars Entertainment.

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