Balanço Paris 2024: Mulheres lideram sucesso no vôlei, e CBV planeja foco nas categorias de base

Ana Patrícia e Duda foram ouro no vôlei de praia em Paris 2024 - Luiza Moraes / COB

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 se encerraram no domingo (11) e a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) foi responsável pela conquista de duas medalhas olímpicas, um ouro e um bronze, ambas em categorias femininas.

Na quadra, a seleção brasileira feminina, que vinha de um vice-campeonato em Tóquio 2020, conquistou a medalha de bronze. No vôlei de praia, a dupla formada por Ana Patricia e Duda colocou o Brasil no topo do pódio feminino pela primeira vez desde as Olimpíadas de Atlanta, em 1996.

“Tivemos um ciclo olímpico atípico, mais curto. Estamos muito felizes com as duas medalhas. O ouro de Duda e Ana Patrícia, duas das melhores jogadoras do mundo, coroa o talento do voleibol de praia brasileiro, e o trabalho realizado pelas duplas e suas comissões técnicas com o time do Leandro Brachola, supervisor técnico da CBV”, afirma Radamés Lattari, presidente da CBV, em entrevista à Máquina do Esporte.

Entre os homens, porém, os resultados não foram bons. Sob o comando de Bernardinho, a seleção masculina ficou fora do pódio olímpico pela segunda vez consecutiva, algo que não acontecia desde Sydney 2000, e terminou Paris 2024 na 8ª colocação, pior resultado desde Munique 1972.

Na areia, a dupla André e George foi eliminada precocemente nas oitavas de final, enquanto Evandro e Arthur caíram nas quartas. Com isso, o vôlei de praia masculino brasileiro chegou a seu maior jejum de medalhas olímpicas desde que o esporte entrou na programação dos Jogos, alcançando duas edições longe do pódio.

Investimentos

Neste ciclo, que foi um ano mais curto por conta do adiamento de Tóquio 2020 durante a pandemia de Covid-19, a CBV contou com os patrocínios de Banco do Brasil, Bet7k, Riachuelo, Mikasa, Fuel, Enel, GOL, Ortobom, Unicesumar, Lapec, Body Work, N1, OQ, CBC e Recoma.

A arrecadação da CBV com esses acordos é mantida em sigilo por questão contratual. No entanto, os valores recebidos pela entidade também incluem repasses feitos pelo COB a partir da Lei Piva, que estabelece que 2% da arrecadação bruta das loterias da Caixa sejam repassados ao Comitê Olímpico do Brasil (COB) e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB).

Considerando o período de 2022 a 2024, a confederação recebeu R$ 30.512.848,82, que correspondem a 5,2% do total repassado pelo COB às confederações olímpicas. A CBV esteve entre as maiores beneficiadas. Foram R$ 8,4 milhões recebidos em 2022, R$ 9,8 milhões em 2023 e R$ 12,2 em 2024.

“As verbas da CBV como um todo, independentemente da origem, são muito importantes, por serem utilizadas para o fomento e desenvolvimento do voleibol, de quadra e de praia, desde as categorias de base até o alto rendimento”, afirma Lattari.

“Além da excelência esportiva, os resultados do vôlei levam o esporte para além do esporte no Brasil. O vôlei hoje é inspiração e referência para crianças e jovens, cria ídolos, e é vetor das mensagens positivas de respeito, diversidade e sustentabilidade que formam uma sociedade melhor e mais humana”, exaltou o dirigente.

Bolsa Atleta

Os investimentos do Governo Federal também incluem apoio financeiro aos atletas brasileiros. No vôlei, a grande maioria dos jogadores e jogadoras estão inscritos no Bolsa Atleta.

De todas as 13 atletas convocadas para a seleção brasileira feminina, apenas duas não fazem parte do programa do governo federal em 2024: a oposta Lorenne e a ponteira/oposta Tainara. Ainda assim, todas já foram beneficiadas em algum ponto de sua carreira. 

No vôlei de praia, os oito atletas, que formam as duas duplas masculinas e femininas que estiveram em ação em Paris, estão inscritos no Bolsa Atleta, incluindo as campeãs Ana Patricia e Duda.

Balanço positivo

Na avaliação de Lattari, o ciclo olímpico encerrado com Paris 2024 teve um saldo positivo. O presidente valorizou a presença das equipes femininas do Brasil no pódio.

“Na disputa feminina de vôlei, temos um grupo de equipes muito niveladas. Claro que sempre entramos nas competições pensando no ouro, mas é muito importante ter o Brasil no pódio olímpico”, avaliou, lembrando que o grupo já havia sido prata em Tóquio 2020.

No masculino, com os resultados abaixo do esperado, o destaque foi o surgimento de novos talentos.

“No masculino, vimos surgir novos talentos como o Darlan, o Lukas Bergmann e o Adriano. Agora vamos analisar o que funcionou e o que eventualmente precisa ser ajustado”, ponderou.

Los Angeles 2028

A CBV inicia mais um ciclo olímpico, de olho nos Jogos de Los Angeles 2028. De acordo com Lattari, a entidade seguirá focada em suas categorias de base, com o objetivo de encontrar e formar novos talentos.

“Para a CBV, Los Angeles 2028 já começou. Enquanto nossos atletas competiam em Paris, o nosso Centro de Saquarema recebia duplas de vôlei de praia de base e a seleção feminina sub-19 para treinamentos específicos. Um ponto muito importante para o próximo ciclo é que renovamos a parceria com La Moselle e teremos o CT europeu até o fim de 2028”, ressaltou.

“O objetivo é manter essa rotina nos próximos ciclos para detectar e desenvolver novos talentos. Queremos que nossos jovens talentos se desenvolvam tecnicamente, mas também mentalmente, e assim se fortaleçam na disputa de grandes competições”, completou.

Mas é o masculino que ligou o sinal de alerta, após duas campanhas olímpicas decepcionantes, tanto na quadra como na praia. Por isso, a CBV desenvolve trabalho para renovar o grupo e conseguir melhores posições no próximo ciclo.

“No caso específico da seleção masculina, retomamos este ano o projeto da seleção de novos, que realizou uma temporada de treinamentos na França e disputou uma competição na Coreia”, conta o presidente da CBV.

“No caso da praia, realizamos nos últimos três anos constantes camps de treinamento em Saquarema para atletas sub-21, identificados em peneiras e competições de base por todo o Brasil. O objetivo é manter essa rotina nos próximos ciclos para detectar e desenvolver novos talentos”, completa.

Há ainda trabalho de base tentando desenvolver habilidades específicas para o vôlei de quadra. Outra estratégia é trazer os ídolos do passado para motivar uma nova geração de jogadores.

“Nos últimos dois anos, também desenvolvemos outros projetos específicos para a base, como as clínicas de fundamentos para levantadores e líberos, e o ‘Mentalidade Vencedora’, com palestra realizadas por medalhistas olímpicos”, conta Lattari.

“Queremos que nossos jovens talentos se desenvolvam tecnicamente, mas também mentalmente, e assim se fortaleçam na disputa de grandes competições”, acrescenta ele.

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