Astros do esporte miram cada vez mais carreira de empresário e empreendedor

Nas décadas de 1980 e 1990, Magic Johnson inovou ao utilizar o magnetismo obtido como jogador para construir uma nova carreira, após deixar as quadras, como empresário e investidor de sucesso. Esse caminho é cada vez mais seguido por outros astros do esporte, que têm deixado de lado a possibilidade de seguir carreira como treinador para se tornarem donos de clubes ou negócios.

Ídolos como Michael Jordan, Ronaldo Fenômeno e Marc Gasol são exemplos dessa tendência. O mais novo dos irmãos Gasol levou o Bàsquet Girona para a ACB (primeira divisão da Espanha). Na NBA, há outros casos de ex-jogadores que seguiram esse caminho, como Tony Parker com o francês Asvel ou Amar’e Stoudemire com o israelense Hapoel.

Atletas também têm usado os dividendos acumulados durante a carreira para marcar presença em participações ou propriedades esportivas. Ao entrar neste mundo, os atletas também trazem a credibilidade que já construíram com os torcedores. Não bastasse isso, ainda possuem conhecimento da área e ótima rede de contatos.

Invetimentos de Ronaldo

Ronaldo já foi um dos donos do Fort Lauderdale Strikers, da Flórida, que disputava a NASL (espécie de segunda divisão do futebol dos Estados Unidos). O negócio, iniciado em 2014, não obteve sucesso, e o ex-atacante e seus sócios venderam os direitos do nome e da marca em 2017 por uma quantia simbólica de US$ 5 mil.

Em 2018, o Fenômeno adquiriu 51% do Valladolid. Como gestor do clube, Ronaldo viu a equipe cair para a segunda divisão, mas conseguir o acesso à elite na temporada passada. No final de 2021, foi anunciado como dono da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro. Sob a gestão de Ronaldo, o time mineiro ocupa a liderança da Série B e tenta, após três anos, retornar à primeira divisão.

A escola de Ronaldo é seguida pelo zagueiro Gerald Piqué, dono do Andorra, que já conseguiu subir para a segunda divisão espanhola. Gerard Moreno, por sua vez, virou o maior acionista do Badalona, clube em que atuou nas categorias de base. Já Andrés Iniesta investe, há mais de uma década, no Albacete, time que defendeu durante seus anos de formação. O jogador, que brilhou com a camisa do Barcelona, já é o sócio majoritário da equipe, que disputa a segunda divisão espanhola, mas já jogou na elite.

Irmãs Williams

As irmãs Venus e Serena Williams se tornaram, em 2009, sócias minoritárias do Miami Dolphins, franquia que disputa a NFL. Serena Williams também investiu no Angel City FC, equipe que participa da Liga Nacional de Futebol Feminino (NWSL).

De maneira geral, são os astros americanos do esporte os que mais têm se embrenhado na carreira de investidores.

“O setor esportivo nos Estados Unidos está muito mais desenvolvido e profissionalizado. Você encontra várias modalidades esportivas que funcionam muito bem como negócio”, afirmou Álvaro Marco, sócio da área de corporate M&A da BDO, em entrevista ao site espanhol 2Playbook .

Futebol é o preferido

As ligas de futebol, que experimentam expansão no país no momento, são as que mais têm atraído esses investimentos. Jogadores ativos como Patrick Mahomes, Kevin Durant e James Harden adquiriram participações em diferentes franquias nos últimos anos. David Villa entrou como sócio-fundador do Queensboro, da United Soccer League (USL), que seria equivalente à segunda divisão do futebol local.

O caso mais representativo é o de Michael Jordan, que refundou o Charlotte Hornets naquela que foi a mais recente expansão das franquias da NBA. Jordan é natural da Carolina do Norte, estado onde a franquia joga e por cuja universidade ele atuou até entrar na NBA.

Há também David Beckham, fundador e um dos donos do Inter Miami. O ex-jogador se tornou mais um caso de sucesso ao aproveitar sua imagem como jogador de futebol para dar o salto para a indústria como investidor.

Sócios minoritários

A tendência mais comum é a de atletas entrarem como sócios minoritários, com participações entre 3% e 5%. LeBron James se tornou investidor dos negócios da Fenway, dona do Liverpool e do Boston Red Sox.

É improvável que essa tendência mude, já que o valor das franquias nas grandes ligas dos EUA ou de clubes europeus só cresce. O Chelsea foi vendido por € 2,35 bilhões, com o compromisso de mais € 1,64 bilhão em investimentos.

Nas grandes ligas americanas, o valor médio das franquias foi multiplicado por quatro e atingiu US$ 2,3 bilhões em média na última década. É um valor proibitivo, mesmo para atletas com carreira bem-sucedida.

Sócios majoritários

Há, no entanto, exceções. Magic Johnson faz parte do grupo majoritário que é dono do Los Angeles Dodgers. Já Derek Jeter tem investimento semelhante no Miami Marlins. Alex Rodriguez, por sua vez, também está entre os principais acionistas da holding que adquiriu o Minnesota Timberwolves.

Outro tipo de investimento é em novos negócios. O ex-goleiro Casillas tem mirado suas atenções para startups, enquanto existem aqueles que preferem investir nos e-Sports, modalidade que experimenta grande crescimento em todo o mundo. Casemiro, Azpilicueta, De Gea e Piqué são alguns dos atletas que colocaram dinheiro no setor.

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