Ex-técnico do Miami Dolphins processa NFL e equipes por discriminação racial

O ex-técnico do Miami Dolphins, Brian Flores, entrou com uma ação na Justiça Federal dos Estados Unidos nesta terça-feira (1), tentando fazer o que ele alega que a NFL não conseguiu: superar as barreiras raciais no processo de contratação.

Flores está processando a NFL e cada uma das franquias por discriminação racial. A denúncia vem depois que o treinador, que é negro, passou por uma entrevista no New York Giants que considera uma “farsa”. Antes da reunião, ele ficou sabendo, em uma troca de mensagens com o técnico do New England Patriots, Bill Belichick, que o ex-assistente do Buffalo Bills, Brian Daboll, que é branco, já havia conseguido o emprego. Mesmo assim, houve a entrevista.

Flores ainda fez outras acusações. Ele contou sobre a reunião que teve no Denver Broncos em 2019, quando o então gerente geral, John Elway, e outros dirigentes da franquia “apareceram uma hora atrasados ​​para a entrevista, e era óbvio que eles tinham bebido muito na noite anterior”.

Durante sua primeira temporada em Miami, o dono dos Dolphins, Stephen Ross, supostamente disse a Flores que “ele pagaria US$ 100 mil para cada derrota” em um esforço para melhorar a posição do time no draft.

Flores também disse que Ross tentou burlar as regras de adulteração da NFL marcando uma reunião com “um quarterback de destaque”. Uma fonte confirmou ao site Front Office Sports que esse quarterback era Tom Brady, que anunciou exatamente nesta terça-feira (1) o fim da carreira.

Os Dolphins, que venceram oito dos seus últimos nove jogos na atual temporada, demitiram Flores um dia após o fim da temporada.

Desde que Colin Kaepernick se ajoelhou durante a execução do hino nacional dos Estados Unidos, em protesto antes dos jogos, a NFL avançou pouco na questão racial. Recentemente, o bilionário Robert Smith se tornou um dos candidatos à compra do Denver Broncos. Caso a transação ocorra, será o primeiro negro dono de franquia na NFL.

Há poucos negros em cargos de liderança na liga. Entre os gerentes gerais, há apenas cinco negros: Martin Mayhew (Washington Commanders), Andrew Berry (Cleveland Browns), Terry Fontenot (Atlanta Falcons), Brad Holmes (Detroit Lions) e Chris Grier (Miami Dolphins).

No momento, o único treinador negro da NFL é Mike Tomlin, do Pittsburgh Steelers. Além de Flores, que deixou o Miami, David Culley foi demitido do Houston Texans. Entre os jogadores, porém, 70% são negros.

Um passo por maior inclusão foi dado nesta quarta com o Washington Football Team, que passou a se chamar Washington Commanders. O time, criado em 1932, era conhecido como Washington Redskins (peles vermelhas, em português), um termo considerado racista para se referir aos índios americanos.

Apesar desses pequenos passos, aparentemente a questão racial ainda não comove a direção da liga. Em resposta às alegações de Flores, a NFL divulgou um comunicado dizendo que as acusações “não se sustentam”.

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