A Adidas revelou, nesta quarta-feira (8), que teve um prejuízo operacional global de € 724 milhões no quarto trimestre de 2022, com um prejuízo líquido de € 482 milhões em operações contínuas. Em grande parte, o resultado se deve ao encerramento da marca Yeezy, fruto de uma parceria com o cantor Kanye West (que adota o nome artístico de Ye).
A decisão foi tomada em outubro do ano passado, por conta de declarações antissemitas e teorias conspiratórias compartilhadas pelo músico nas redes sociais.
“A Adidas não tolera antissemitismo e qualquer outro tipo de discurso de ódio. Os recentes comentários e ações de Ye foram inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores de diversidade e inclusão da empresa, respeito mútuo e justiça”, afirmou a companhia, em nota, à época.
O problema é que, com o encerramento unilateral da marca, todo o estoque de produtos da Yeezy encalhou. Para 2023, a empresa prevê uma perda de receita de € 1,2 bilhão, o que afetaria negativamente o lucro operacional em cerca de € 500 milhões. Além disso, a multinacional alemã também espera custos pontuais de até € 200 milhões neste ano, o que elevaria o déficit operacional para € 700 milhões.
Por fim, diversos custos pontuais também foram consequência do encerramento dos negócios da empresa na Rússia, interrompidos de forma unilateral por conta da invasão à Ucrânia em fevereiro do ano passado.
Vale destacar que o possível prejuízo de € 700 milhões em 2023 seria a primeira perda anual de faturamento da Adidas em 31 anos. Para se ter uma ideia, a receita estimada da parceria com Kanye West para este ano era de € 1,19 bilhão. Com a publicação dos resultados de 2022 e perspectivas para 2023, as ações da gigante alemã caíram 2,2% apenas na manhã desta quarta-feira (8).
Outros números
Segundo a Adidas, o lucro líquido do ano fiscal de 2022 caiu 83% em relação ao ano anterior, atingindo € 254 milhões. A margem bruta de 2022 despencou para 47,3% (apenas no quarto trimestre a queda foi de 39,1%), em especial por conta do aumento dos custos da cadeia de suprimentos e maiores descontos, enquanto a margem operacional caiu para 3%.
A marca também viu suas despesas de marketing aumentarem 8% em relação ao ano anterior devido ao lançamento de campanhas centradas nos principais eventos esportivos mundiais realizados em 2022, como a Copa do Mundo do Catar, os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim e a Euro Feminina.
“2023 será um ano de transição para construir a base para 2024 e 2025. Precisamos reduzir os estoques e diminuir os descontos. Então, poderemos começar a construir um negócio lucrativo novamente em 2024. A Adidas tem todos os ingredientes para ter sucesso. Mas precisamos colocar nosso foco de volta no nosso núcleo: produtos, consumidores, parceiros de varejo e atletas”, afirmou Bjorn Gulden, CEO da Adidas.