Mulheres Líderes da Indústria Esportiva: Ana Moser, ministra do Esporte

Primeira mulher a assumir o cargo de ministra do Esporte no Brasil, a catarinense Ana Moser, de 54 anos, sabe que o desafio para aumentar a inserção da mulher no esporte é tão grande quanto o que enfrentou para ajudar a seleção feminina de vôlei a conquistar sua primeira medalha olímpica, o bronze em Atlanta 1996.

Uma das iniciativas, divulgada no último dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, foi a alteração de uma regra que tem como objetivo aumentar a inclusão no setor.

“Todas as políticas públicas do esporte são para toda a nação brasileira, mas o nosso olhar para as mulheres e meninas do Brasil é sempre muito cuidadoso. Por exemplo, neste mês anunciamos uma mudança importante no programa Bolsa Atleta, a fim de proteger atletas na gravidez”, contou Ana Moser, em entrevista à Máquina do Esporte.

Com a mudança, o governo federal garantiu às atletas o recebimento do benefício durante a gestação e até seis meses após o nascimento da criança, desde que o período adicional não exceda 15 meses.

“Nas inscrições do Bolsa Atleta deste ano, 4.600 esportistas são do sexo masculino e 3.661 do feminino. É um recorde”, comemorou a ministra.  

Participação

Para Ana Moser, o esporte não está dissociado da sociedade. Por isso, a pouca participação das mulheres em cargos de chefia, seja como presidentes, executivas, diretoras ou treinadoras, é resultado de uma realidade social mais ampla.

“Precisamos lutar para tornar o mundo um ambiente mais inclusivo, o Brasil um ambiente mais inclusivo. Daí o esporte será um ambiente mais inclusivo”

Ana Moser, ministra do Esporte

“Nosso papel no Ministério do Esporte é criar condições políticas para que as mulheres estejam em todos os espaços que desejarem, desde o posto mais alto da República até como pequenas esportistas, que mesmo antes de virarem atletas profissionais, representam o sonho de tantas outras meninas”, acrescentou a ministra.

Volta do esporte

A própria chegada da ex-atleta de vôlei ao cargo de ministra já representou um retorno de nomes ligados ao esporte ao ministério do setor. Curiosamente, ela foi confirmada no mesmo dia em que foi anunciada a morte de Pelé, maior nome do esporte brasileiro.

Antes de Ana Moser, o último nome ligado ao esporte que havia ocupado o cargo foi justamente Pelé, ainda no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 1998.

Ana Moser também teve um desafio adicional ao aceitar a indicação para ministra. Ela precisou refazer a estrutura do ministério, que havia sido rebaixado a Secretaria Especial de Esporte, dentro do Ministério da Cidadania, durante o governo de Jair Bolsonaro. Para isso, houve a necessidade de negociação no Congresso Nacional para que fosse garantido o orçamento de R$ 1,9 bilhão para dar condições mínimas de trabalho para a pasta em 2023.

Acesso e inclusão

Desde quando foi confirmada no posto, Ana Moser ressaltou que a prioridade de sua gestão seria estabelecer políticas públicas para garantir o acesso da população para as práticas esportivas.

Anteriormente, na época de preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, o foco estava no esporte de alto rendimento, que ganhou grandes investimentos do governo em busca de uma boa campanha em casa. O Brasil acabou ficando na 13ª posição, com 7 ouros, 6 pratas e 6 bronzes.

“Essa é a nossa missão à frente do Ministério do Esporte. Fazer esta revolução, inverter a lógica que sempre colocou como prioridade o esporte de rendimento, o topo da pirâmide de uma suposta estrutura que deveria garantir, na prática, o direito de todos à prática esportiva, previsto na Constituição”, afirmou Ana Moser.

Dentro dessas diretivas de promover o esporte e aumentar a inclusão, a ministra conta com o apoio de outra ex-atleta no Ministério do Esporte. A ex-pivô da seleção brasileira de basquete, Marta Sobral, vice-campeã olímpica também em Atlanta 1996, assumiu o cargo de Secretária Nacional de Alto Rendimento.

Mais um posto importante ocupado por uma mulher. Mas o caminho até conquistar uma boa representatividade no esporte ainda é longo.

“Nossa meta é que as mulheres estejam em todos os espaços destinados aos esportistas. Como atletas das diversas modalidades, treinadoras de times ou como presidentes de confederações ou federações”

Ana Moser, ministra do Esporte
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