NFL ganha quase US$ 2 bilhões com patrocínios “emergentes”

A NFL está perto de atingir arrecadação de US$ 2 bilhões em patrocínios, a maior marca entre as grandes ligas americanas. Acordos com empresas de aposta e de tecnologia ajudaram a alavancar esse montante recorde na liga de futebol americano. Segundo a consultoria IEG, o faturamento chegou a US$ 1,8 bilhão graças a esses contratos.

Esse valor representa um aumento de 12% em relação ao ano de 2020, quando a arrecadação atingiu US$ 1,62 bilhão. No ano anterior, o faturamento foi de US$ 1,47 bilhão.

Sites de apostas, cassinos e loterias foram o setor que geraram aumento mais significativo nessa conta. DraftKings, FanDuel e Caesars se tornaram parceiros de apostas esportivas em 2021, em contratos de cinco anos com valor de quase US$ 1 bilhão somados. A NFL também fechou parcerias menores com BetMGM, WynnBET, Fox Bet e PointsBet.

Os acordos de patrocínio com a NFL geralmente têm duração de três a sete anos ao custo de pelo menos US$ 10 milhões por temporada para empresas menores. Empresas mais poderosas chegam a pagar mais de US$ 200 milhões por ano.

A empresa de comunicação Verizon tem um dos maiores contratos com a liga e paga mais de US$ 300 milhões por ano. Em setembro de 2021, a empresa acertou um novo contrato de dez anos, adicionando direitos sobre o 5G.

Em que pese esse acordo, o IEG vê uma mudança de poder de investimento entre as empresas que patrocinam a principal liga esportiva do planeta. “Os patrocínios não vêm de lugares tradicionais. Estão vindo de setores emergentes. Não estamos apenas vendo talentos emergentes no campo; estamos vendo categorias emergentes”, analisou Peter Laatz, diretor administrativo global do IEG.

Embora os patrocínios relacionados a apostas tenham tido o maior aumento na temporada de 2021 da NFL, os acordos com empresas de tecnologia ficaram em primeiro lugar em valores absolutos. Esse grupo é liderado pela Microsoft. A gigante do segmento paga cerca de US$ 100 milhões por um contrato com a liga, que usa o tablet Surface da empresa.

Os patrocínios de jogos de azar são o segundo maior montante de verba para a NFL, seguido das marcas de bebidas alcoólicas.

Em dezembro, a liga renovou seu acordo com a Anheuser-Busch, que paga mais de US$ 250 milhões por ano por direitos de ser a cerveja e o hard seltzer (refrigerante com álcool) oficiais do campeonato. A empresa perdeu o controle dos direitos de bebidas destiladas, que a Diageo assumiu por US$ 30 milhões por ano.

A NFL colocou os direitos de vinho e champanhe oficiais no mercado, mas ainda não conseguiu uma parceria para essa categoria.

Embora a receita total de patrocínio da competição tenha aumentado significativamente, a maior parte desse crescimento foi em patrocínios para toda a liga, que cresceram 23%. As franquias da NFL conseguiram só 4% de aumento de receita com parceiros comerciais.

Para aumentar os fluxos de caixa dos times, a NFL copiou a NBA e permitiu que as equipes busquem acordos fora dos Estados Unidos. No mês passado, a liga concedeu permissão para que 18 equipes comercializassem suas propriedades em 26 países, incluindo Brasil, Canadá, Alemanha, México e Reino Unido.

É um movimento que chega muito tarde em relação à liga concorrente de basquete, que buscou a internacionalização ainda nos anos 1990. A NFL pode ser dominante no mercado interno, mas não possui o mesmo poder de atração da NBA no resto do mundo, mesmo tendo realizado jogos no exterior.

“Há uma grande diferença entre jogar internacionalmente, o que a NFL já fez, e ter uma presença importante para expandir o esporte no exterior”, afirmou Laatz.

Liga mais conservadora, a NFL ainda é reticente em relação a um novo ativo importante no mercado de patrocínios esportivos: acordos com empresas de criptomoedas. Em outubro, o tema foi discutido em reuniões realizadas em Nova York entre proprietários de franquias. No entanto, pouco avanço ocorreu desde então.

“Eles são cuidadosos em não entrar em acordos especulativos que possam causar retrocesso”, comentou Laatz.

A NBA, por sua vez, tem sido beneficiada por esse tipo de patrocínio. A FTX patrocina o Golden State Warriors em acordo de US$ 10 milhões. Já a Coinbase assinou contrato de US$ 192 milhões por quatro anos com a própria NBA.

A Crypto.com pagará US$ 700 milhões pelos naming rights do Staples Center, ginásio do Los Angeles Lakers, em contrato de 20 anos. O Portland Trail Blazers, por sua vez, conseguiu o primeiro acordo de patrocínio de camisa com uma empresa de criptomoedas, a StormX.

Para Laatz, a NFL pode se dar ao luxo de examinar o setor antes de liberar esse tipo de parceria comercial. “O que eles estão deixando de lado agora é o risco”, concluiu.

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